EU DETESTO

As pessoas educadas nunca detestam nada. Tem sempre um sorriso delicado e uma palavra de gentileza para todas as pessoas. Engolem sapo para aturar persona non grata, nunca reclamam e estão sempre se esforçando para aparentar bom humor. Como cansa ser educado.

Na verdade, por mais que se tente ser fino e cortês não há quem suporte aquelas promoções de vendas e serviços via telefone, o tal telemarketing. Além do que é uma verdadeira invasão de privacidade, entrando na nossa casa em horários de almoço, de jantar ou tarde da noite pressionando a compra de produtos e serviços.

É preciso ser muito educado para aturar a vovó contando as peraltices do netinho. E quando ela abre o note book com cem fotos lhe obrigando a olhar por cinco minutos cada uma, aí é um horror.

Propaganda eleitoral eu detesto. Se a gente desliga a televisão passa um carro de som com as músicas do candidato. Se a gente põe a mão nos ouvidos vê na parede fotos e mais fotos deles. Se fechamos os olhos e tapamos os ouvidos ainda corremos o risco de ficar pensando neles já que a vista e os ouvidos estão impregnados de tanto marketing dos candidatos.

Eu detesto quem joga papel de bala no chão, quem cospe na via pública, quem estende roupas com vista para a rua e quem de qualquer forma não contribui para a limpeza e beleza do lugar que mora.

Hoje a maioria das pessoas tem mais de um número de celular. Tem pessoas que tem número de quatro operadoras, mas não atende a ligação de nenhum dos números. Eu detesto ligar para gente assim.

Eu detesto também quem toca fogo em lixo, empestando todo o ambiente da vizinhança, deixando roupas, cabelos com cheiro de fumaça. Mas jogar o lixo no meio da rua sem estar devidamente acondicionado não há também quem suporte.

Agora o que eu detesto mesmo é quem deixa papel sujo no cesto do banheiro. Use a ducha meu irmão, ou jogue o papel no aparelho e dê descarga, ô cara.

Se a gente quer ser educada e atura tudo isso calado está contribuindo com a falta de educação desse povo se a gente reclama em bom tom no sentido de educar nunca é bem interpretado.

Mas uma coisa é certa, ou posso até não reclamar na cara do freguês, mas que eu detesto tudo isso eu detesto.