Aprenda a captar recurso

Tenho que redigir dez páginas sobre internet para o curso de pós-graduação em Aplicações Web. Fica claro de que a internet é linha imaginária. Apóia-se na ingenuidade espiritual e como se ensina espiritualmente não se deve cuspir no prato em que se comeu, mesmo que o prato seja este meio mecânico de exploração. Tenho a impressão de que a internet não tem necessidade de ser mais computador. Ela em si é um meio de comunicação que pode ser algo com vídeo feito televisão, telefone com vídeo. Sua vasta memória centralizada interessa apenas aos órgãos de controle do indivíduo.

Mas para se ter certeza é preciso estudar os meandros que resultarão nessa exatidão precipitada da pequena luz lançada na obscuridade.

O impacto da internet no meio acadêmico lançou os professores a certa condição de desespero quanto à originalidade na redação dos temas propostos. Tudo está na internet e é só copiar e colar. Os professores não suportam nenhuma idéia original sobre o tema. Tenho perdido pontos nas tarefas porque os professores suplicam bibliografia e eu escrevo de acordo com minha linha de raciocínio. O fantasma do plágio tomou conta do meio acadêmico que está perdido na imensidão dos recursos de cópia que a internet produziu. Isto porque coisas simples do passado foram jogadas para o lixo da inteligência como escrever sozinho diante da folha em branco de papel no mínimo sete linhas de algum texto proposto.

Outra ridicularia moderna é o ensino injustificável a distância. Rapidamente transformado em bom negócio. Sequer conseguimos engendrar no país inteiro uma política de estudo presencial forte e dinâmica e já estamos tornando essencial o ensino robótico. Pouco didático partindo do princípio de que a carga de informações geradas tanto pela transmissão quanto pela recepção é imensa e não solucionada na dúvida por ambas as partes.

Com este fator não se gera uma didática real, mas sim a esquisita mecanização para um papel final de conceito. Dois fetiches reunidos: o da máquina e aquele do velho diploma. Mas basta ter uma máquina como carro para nos sentirmos avançadinhos.

Quanto à captação de recurso coloquem num papel em branco quais são as dez maneiras conhecidas para pessoa física, usuário normal, digo; não cientista, ganhar dinheiro na rede. Ouvi dizer que alguém comprou um tênis e recebeu pelo correio dois itens: banana e pedra numa caixa de sapato. Até agora o que tem dado muito, mais muito dinheiro mesmo na rede, por parte da pessoa física, é a sua exposição física, se é que me faço entender.

É tão engraçado viver no capitalista de minoria vendo as pessoas espiritualmente falando da desimportância do dinheiro.

O desrespeito ao trabalho intelectual neste país está atingindo a presidência porque não temos política de inclusão social nessa área. Temos Ministério da Cultura, mas ainda é tímida a idéia de que cultura é patrimônio financeiro, principalmente na internet. Os estudantes se recusam ao diálogo sobre arrecadação durante o curso e isto é quase um tabu intelectual. Ganhar dinheiro é para depois. Aluno tem que estudar dia e noite até a formatura, para no futuro de modo escravista; se deixar levar pela desvalorização competitiva no mercado de trabalho. É quase crime falar em moeda esse estágio, pode parecer ganância ou pior, indício de materialismo dialético.

Mas o professor me garantiu que se escrevo o bastante numa página da web tenho certamente dinheiro para receber. Ele é professor e quem sou eu para desmentir.

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Nota: Aluno de pós-graduação em Aplicações Web do Extremo-Sul do Brasil procura emprego executivo virtual em empresa de grande porte.

Tratar aqui.

Não vale propor tirar a roupa pela webcan.