COM O AVAL DO GERENTE


 

Como os homens normalmente não gostam de fazer compras, fui ao shopping procurar uma camisa social que o marido precisava. Dei uma volta, olhei vitrines e escolhida a loja, entrei. O jovem atendente mostrou logo as últimas novidades, de preço bem salgadinho, depois veio com as tradicionais em várias cores. Gostei de umas três, pensei em levar duas, mas aí me refreei. Pra que duas camisas novas, dessas, se o marido agora só usa terno e gravata em ocasiões especiais e esporádicas? Afinal me decidi pela mais clássica das clássicas: a branca. Pensei também nos botões que certamente virão a cair um dia e eu terei que pregar...
 
Quando cheguei diante do caixa, o gerente apareceu e exclamou ‘que camisa bonita!’ É mesmo, acho que escolhi bem, retruquei. Mas ele continuou, apontando com o dedo: ‘Não, é esta, a que a senhora está usando... que tecido, que trama!’ Fiquei surpresa. Caí na risada. E acabei confessando: o senhor nem imagina, era do meu filho. Ele usou algumas vezes depois não quis mais, não sei por quê... Acabei ficando com ela, herdei. Pois faz muito bem em usá-la, ele arrematou.
 
Fui embora toda orgulhosa. Na verdade, acho a camisa bonita, mas todas as vezes que a visto fico na dúvida se não pareço esquisita ao andar com ela por aí. Agora, com o aval do gerente de uma elegante loja masculina, não terei mais essa preocupação...
 
 




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