MEU PRIMEIRO HEROI
 
 
E de repente num tempo já bem afastado dos dias de hoje, lá eu estava ainda menino bem pertinho da minha vó, reunido na sala da minha casa. Casa humilde, com poucas divisões, mas bem perto a mim, uma caixinha, meio retangular com alguns números, e alguns botões, e dela saíam algo que me fazia vagar, sonhar, imaginar, entrando num outro universo. Um dos universos mais esplêndidos, imaginado por mim, o universo do rádio e da dramaturgia.
 
Vivido nos momentos de um modo, ou de outro que ainda recordo quando ouvi o meu primeiro heroi em uma das tantas versões que para mim fora à primeira, quando também soube que tinha sobre esta terra algum direito. E naqueles instantes por uma casualidade nascia a vontade de fazer o que bem eu quisesse com apoio vindo dos meus pais.
 
Naquelas horas que passava diante daquela caixinha mágica que nos transportava e dela só ouvia apenas algumas vozes. Digamos que meu primeiro heroi fora um heroi que decerta forma eu imaginei, que eu vi através das minhas utopias, montado num cavalo branco e era o mocinho daquela história.
 
E através de uma das tantas radionovelas, que eram irradiadas nas segundas, quartas, e sextas - feiras, sendo uma destas, O Direito de Nascer, uma radionovela que durou muito tempo, aprómidamente três anos no rádio naquela época, onde trazia bons interpretes. Jamais me esqueci disto.
 
E assim comecei minha trajetória, e por gostar de ouvir aqueles rádiodramas, rádionovelas na época, é que fiz deste meu companheiro, sempre presente em quase todo meu tempo. E ter por feito dele cumplice, quase em todos os meus momentos, é que resolvi então trazer ele para mais um dos meus trabalhos.