Metrô e rotina

A angústia e o desejo de ir, ninguém sabe para onde, ainda existem da mesma forma. Sinto em todas as manhãs a mesma sensação. Contrastando com o Sol límpido, esse dever sujo.

Mudaram nossas prisões, rapaz. Muros e correntes são crus demais, na cara demais. Nos cozinham em divisórias, cadeiras confortáveis, relógios de ponto e seus tic tacs "chicotantes".

Algemas para que? Se no próximo mês haverão contas vencendo.

Caminhamos até lá, espremidos, aos solavancos. Manadas de nós dirigindo-se pontualmente ao batalhado local de trabalho. Movidos por um desjejum apressado e pelo desejo de um dia, então, triunfar. Derrubar essas paredes, expandir nosso domínio e tornar-se o novo carrasco-chefe.

Mas é assim a vida, não é?!

Vai logo, garoto. Atrasos não serão tolerados.