Malevolência? Eu?
Uma leitora acaba de me atribuir um fracasso. Partiu para o massacre: “seu texto põe a nu a sua malevolência”. Após ter abandonado minha infância a infância nunca mais adulei fantasias. É um ato de coragem relatar minha mitologia aos sonhos. Espaço natural para sua maior intensidade. Já a força da moralidade reacionária aplica a qualquer custo o sonho a realidade podendo alcançar a intensidade de um crime: o fanatismo bestial. Foi assim com a inquisição e assim tem sido diante dos diversos nazismos que se formam entre fileiras cegas de seres humanos. (A inquisição foi um tipo de nazismo melhor ocultado pela imprensa histórica moderna assim como todo messioanismo acaba em latim de Antonio Conselheiro).
Hoje temos no puritanismo político o elo fundamental com o reacionarismo religioso. Bem mais arejada temos a vida científica no centro desse equilíbrio, sempre humilhada, pelos corredores institucionais sombreados pelas tensões religiosas. Sofrendo embaraços medievais quando se proíbe, diante da epidemia de vida e morte, o uso de preservativo no amor. Ou ainda quando alguém a beira da morte, necessitando de sangue fenece, sem esse recurso, porque a subjetividade que o acolheu numa organização de grupo, não permite doação. Racional? Há milhares dessas mecanizações da natureza subjetiva humana que podem ser consideradas como seus mitos, inacreditáveis. Até a nova condição computacional de contemplação sem meio aceitação de meio termo.
São pontos primitivos e arcanos do homem em sua humildade revelada pela soberba quase oculta de sua fortaleza. Sem contar o ritual macabro e devastador: o pacto com a política.
Para um professor honesto das suas considerações são inúmeros incômodos. É neste ponto sábio por parte de Pombal que a democracia laica procure seus ajustes. A presença de Deus nas guerras religiosas calaria mais fundo em sua total inexistência, fosse à paz o seu nome. Milhares de mulheres extinguem-se cruelmente após abortos em clínicas clandestinas. O estreitamento moral dos vícios de natureza química, que em condições científicas não passariam de “automedicação doentia”, ganham um arsenal de guerra na intolerante mídia religiosa, aliada a política, disseminando assim o comércio das armas; este último que entretém todos os poderes em questão. Resultado do substrato simples das nossas ilusões cultivadas como realidade.
Malevolente eu ou Galileu? Queria ter sido Marco Aurélio na vida passada? Talvez fosse bom receber do alto o misto de Marco Aurélio com Sun-Tzu.
Sim, os ateus estão certos em muitos pontos: Se Deus existisse teria dado a Hitler a índole de Chaplin. Já que tudo provê.
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