PARA NÃO PENSAR
Escrevendo para não pensar em política, na vida, em pessoas, enfim: para não pensar.
Não examinar o sentido de sensatez e lógica. É muito mais sábio. Não resolve e acalma. A questão é exatamente a dificuldade de se permitir acontecer, experimentar, ou simplesmente se aproximar. E por que é difícil? Pelo medo.
Gato escaldado...
Há coisas que não se fala. Vive-se. Acontece.
Talvez deva olhar mais lightmente, em me permitir pequenas coisas que nem sei, mas dar abertura para vir a ser. Isto é ridículo. Aliás, franca comigo mesma, isto é aviltante. Uma coisa boa de acontecer tem que ser natural, espontânea e verdadeira. Mesmo não querendo pensar, o pensamento escapa e se intromete: tomara que o povo não vote no Serra e acabe de vender o Brasil todo. Não quero pensar nisso.
Estou é inconscientemente escapando de pensar em outras coisas que não quero pensar. No escrever me exponho tanto ou tudo!
Nossa!Ouvindo “A HORA DA ESTRELA” foi tão chocante, compreendi tão fundamente a Macabéia e a narradora-criadora! Essa capacidade de compreensão é tão cruel. Por esse motivo é que sofro com mais facilidade.
Sou uma pessoa que viveu desfalcada do natural viver, que me foi roubado e ocultado, como soube sentir a Macabéia. Nada viveu na vida dela. Mas tinha percepções fugidias que mostrava que se tivesse tido educação e amor dos pais ou outros substitutos deste amor, seria tudo diferente.
A verdade é que a vida vivida sem o amor é um horror insuportável. Nem acho horrível e insuportável, porque nunca cheguei a saber, na carne e no espírito quanto é doloroso e terrível não vivê-lo por não senti-lo e não ter sido amada e respeitada. O que me aconteceu, é que fui ignorada com crueldade e inconsciência, no corpo e na alma. Eu me ausentei, e a vida não tem nada para quem se ausenta. Isto é uma tragédia. Emocionalmente e vital a vida sempre foi menos para mim, quase um sopro da realidade, quase uma percepção não alcançada e nem percebida, por isso mesmo, aceita do jeito que foi sendo. Foi tão grave que eu não soube reclamar o que de direito meu, exatamente porque eu não o sabia. Só fiz o que podia fazer. Fiz o que pude, mais não soube. Tenho uma raiva disso.
Agora que escrevi um livro lindo e verdadeiro com inicio, meio e fim, sei como a alegria é boa. Um complemento da realização. E pior, mesmo com a idade que tenho, ainda aspiro por aquilo que não tive e, portanto, não o soube.
Dizem: “basta se permitir”. É grego pra mim. Só vivo verdade e realidade, e viver. Eu merecia muito da vida. É aceitar o que me coube. E paciência.
Por isso que escrever está me salvando de não ser nada. Aliás, sempre fui mais, só me perdi no meio do caminho.
Escrever é melhor do que ler.
MLuiza Martins. 21/10/10
Palavras: 488
Escrevendo para não pensar em política, na vida, em pessoas, enfim: para não pensar.
Não examinar o sentido de sensatez e lógica. É muito mais sábio. Não resolve e acalma. A questão é exatamente a dificuldade de se permitir acontecer, experimentar, ou simplesmente se aproximar. E por que é difícil? Pelo medo.
Gato escaldado...
Há coisas que não se fala. Vive-se. Acontece.
Talvez deva olhar mais lightmente, em me permitir pequenas coisas que nem sei, mas dar abertura para vir a ser. Isto é ridículo. Aliás, franca comigo mesma, isto é aviltante. Uma coisa boa de acontecer tem que ser natural, espontânea e verdadeira. Mesmo não querendo pensar, o pensamento escapa e se intromete: tomara que o povo não vote no Serra e acabe de vender o Brasil todo. Não quero pensar nisso.
Estou é inconscientemente escapando de pensar em outras coisas que não quero pensar. No escrever me exponho tanto ou tudo!
Nossa!Ouvindo “A HORA DA ESTRELA” foi tão chocante, compreendi tão fundamente a Macabéia e a narradora-criadora! Essa capacidade de compreensão é tão cruel. Por esse motivo é que sofro com mais facilidade.
Sou uma pessoa que viveu desfalcada do natural viver, que me foi roubado e ocultado, como soube sentir a Macabéia. Nada viveu na vida dela. Mas tinha percepções fugidias que mostrava que se tivesse tido educação e amor dos pais ou outros substitutos deste amor, seria tudo diferente.
A verdade é que a vida vivida sem o amor é um horror insuportável. Nem acho horrível e insuportável, porque nunca cheguei a saber, na carne e no espírito quanto é doloroso e terrível não vivê-lo por não senti-lo e não ter sido amada e respeitada. O que me aconteceu, é que fui ignorada com crueldade e inconsciência, no corpo e na alma. Eu me ausentei, e a vida não tem nada para quem se ausenta. Isto é uma tragédia. Emocionalmente e vital a vida sempre foi menos para mim, quase um sopro da realidade, quase uma percepção não alcançada e nem percebida, por isso mesmo, aceita do jeito que foi sendo. Foi tão grave que eu não soube reclamar o que de direito meu, exatamente porque eu não o sabia. Só fiz o que podia fazer. Fiz o que pude, mais não soube. Tenho uma raiva disso.
Agora que escrevi um livro lindo e verdadeiro com inicio, meio e fim, sei como a alegria é boa. Um complemento da realização. E pior, mesmo com a idade que tenho, ainda aspiro por aquilo que não tive e, portanto, não o soube.
Dizem: “basta se permitir”. É grego pra mim. Só vivo verdade e realidade, e viver. Eu merecia muito da vida. É aceitar o que me coube. E paciência.
Por isso que escrever está me salvando de não ser nada. Aliás, sempre fui mais, só me perdi no meio do caminho.
Escrever é melhor do que ler.
MLuiza Martins. 21/10/10
Palavras: 488