Um craque da fronteira...

(Homenagem a um amigo que resolveu, depois dos cinquenta, voltar aos gramados).

Menino pobre que estudou no Felipe de Brum, mas que aprendeu coisa incomum, já que de pobre não teve nada, pois foi craque do Milionário, não que recebesse grande salário, mas porque era escalado pelo paraguaio Ernesto Londolf que dirigia um time rico no nome, mas bem pobre na prática; lá pra bandas da fronteira, num lugar sem eira nem beira; na querida Amambai, que do pensamento não sai.

Falo do Robson Fernandes, que hoje se sobressai na sapiência, porque fez gosto pela ciência (que não é exata), pois cursou a faculdade jurídica, ao aprender que com o direito é que se fala, buscando equilíbrio nas demandas, embocando na orla dos fundamentos e transformando as causas em veredictos indiretos que se estendem pelos campos das jurisprudências depois de expostas na Casa das causas, aqui aonde mora.

Depois de tanto tempo longe das quatro linhas dos verdes campos deste lugar, resolveu retornar no último sábado, exibindo o mesmo futebol de complexidades artísticas que exibia outrora, mas nem tudo é como antes agora, pois uma pequena saliência lhe acompanha à frente do tronco, querendo lhe empinar o equilíbrio físico, pois, diante de tamanho esforço, passou bom tempo deitado, onde ficam os desesperados.

Lá de longe se via um corpo estendido no chão. Era um moço cinqüentão que não agüentava um único encontrão. Foi uma tarde de martírio. Não havia sequer o homem da maca. Havia outros que riam sem parar, de um fato que não tinha a menor graça! (Para ele, é claro!). Era um peixe que se esforçava para voltar pra água. Mas lhe faltava fôlego para saltitar sobre o chão. Pois logo vinha novo encontrão. Faltava o ar nas narinas. Já não tinha força nas suas turbinas. Então, ficava estirado mexendo uma perna – o último recurso do velho guerreiro.

Mas, o moço, mostrou determinação. Nem quando lhe perguntaram se ia voltar no ano que vem...Ele retrucou (mais que depressa): - Porque a pressa! – Tá me expulsando por que estou com uma dorzinha muscular? O colega inquiridor moderou suas perguntas, pois entendeu que a determinação do velho atleta ainda era uma corrente que fluía nas suas veias.

Uma singela homenagem ao grande atleta amambaiense que no passado angariou fãs nos gramados arenosos da querida cidade fronteiriça que lhe deu origem.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 20/10/2010
Reeditado em 20/10/2010
Código do texto: T2568031