O "voto religioso"
É visível o crescimento do número de pessoas que se declaram evangélicas no Brasil - sejam tradicionais, pentecostais ou neopentecostais. Um número expressivo que, parece, pode fazer diferença nesta eleição presidencial. Percebe-se um movimento no sentido de convencer essa parcela da população de que as convicções de um ou outro candidato não ferem seus princípios morais e religiosos. O chamado "voto religioso" nunca foi tão disputado quanto atualmente.
Vejo um lado bom e um preocupante nessa já marcante presença evangélica no meio político. O bom é que o evangélico, muitas vezes visto como um alienado, está, sim, preocupado com questões políticas e sociais. Nem todos são "massa de manobra". Pelo contrário, boa parte é bem informada e possui visão crítica. São exigentes e comprometidos, como deve ser todo cidadão.
Por outro lado, há um perigo sempre presente quando se trata de religião: o apego excessivo aos seus dogmas, o chamado fundamentalismo, grande barreira para o diálogo. E todos sabemos que intolerância não combina com democracia.
Apesar de achar legítimo o desejo de que nossos governantes sejam, na linguagem cristã, "tementes a Deus", não podemos nos esquecer de que o Estado é laico, neutro.
Que, como afirmou Kennedy, queiramos um(a) presidente que olhe para todas as pessoas, sem a imposição de nenhum grupo específico.
"I want a chief executive whose public acts are responsible to all groups and obligated to none; and whose fulfillment of his presidential oath is not limited or conditioned by any religious oath, ritual or obligation." J. Kennedy
http://usliberals.about.com/od/faithinpubliclife/a/KennedyReligion.htm