Crônica de um morto.

Quando a gente morre ganha a imunidade dos grandes mortos.

Todos nossos erros são anulados e os acertos, mesmo que poucos são enaltecidos ao extremo.

É comum se ouvir nos velórios: era um grande ser humano, a generosidade em pessoa, amigo que fará muita falta.

Sentiremos falta de sua alegria.

Deixamos de ser um chato que não devia ser convidado para nada.

Eu não quero essa prerrogativa hipocrita.

Quero ter sim, a oportunidade de pagar pelos meus erros, de ser perdoado por aqueles que de alguma forma, ofendi.

Se não me consideravam bom quando vivo, depois de morto não posso me redimir.

Essa imunidade não vale do outro lado.