AMOR COM AMOR SE PAGA

Eram três senhoras idosas conversando.

Você viu aquele filme? Perguntou uma delas

Que filme? Indagou a outra.

Aquele, com aquele artista, como é mesmo o nome dele? Aquele bonito, alto, com olhos castanhos. Ele trabalhou naquele filme que contava a história de uma menina que matou o pai (ou foi a mãe?)pensando que ele era um ladrão. Não lembro o nome do filme.

Não sei não, pergunta pra Adélia que é cinéfila.

Adélia, como é o nome dele?

Ah...minha filha, tem muito homem bonito, alto e com olhos castanhos. Deixe eu ir lá em cima buscar meu caderninho de anotações que já lhe digo.

Ela começa a subir a escada e, no meio do caminho, pergunta para a outra: eu estava subindo ou descendo a escada?

Isso é contado como piada, no entanto deve ser um tormento para a pessoa e para toda a família quando a doença de alzheimer se manifesta.

Não tenho ninguém com essa doença na família, mas conheço pessoas que têm o pai ou a mãe e vejo que elas têm uma carga muito pesada.

Uma amiga me contou que a mãe dela ligava para ela a cada cinco minutos e, quando ela não estava em casa, a mãe deixava trinta, quarenta ou cinquenta recados para ela, até acabar a fita da secretária eletrônica.

É importante que toda a família aprenda a conviver com a doença para poder ajudar.

Conheço um senhor que, depois de estar casado por mais de trinta anos, foi obrigado a internar a esposa por não ter mais condições de tratá-la em casa. Ele, no entanto ia, todos os dias, visitá-la e ficava de mãos dadas com ela.

O enfermeiro lhe perguntou porque ele ia lá todos os dias se ela já nem sabia quem era ele. Ele respondeu: mas eu sei quem é ela.

Bonito esse gesto de amor. Ele retribuía com carinho todo o amor que ela lhe tinha dado durante todos aqueles anos que ficaram casados. Amor com amor se paga, já dizia minha mãe.