PEDOFILIA E SANTIDADE.

Neste domingo, dia 17, será canonizada no Vaticano Maria Mackillop. Esse ato faz parte da cruzada do papa Bento XVI para moralizar um universo de incorreção que estava em dívida com a punição, com a sanção.

Quem era Maria Mackllop? Uma religiosa, freira australiana excomungada em 1871. Por que excomungada? Por denunciar e insistir na denúncia de um Padre pedófilo de sua diocese que abusava das crianças.

A obra de Madre Maria da cruz se dirigiu à abertura de institutos que abrigavam e protegiam os menores. Fundou a ordem de São José do Sagrado Coração de Jesus.

Sua canonização é sinalização da atual postura da igreja em expurgar esse mal que mancha toda a instituição pela covardia e falsidade dos votos daqueles que se entregam a essa indecorosa e asquerosa prática. É mais um passo subsequente ao posterior edito que determina a todos os integrantes da instituição,denunciar, formalmente, sob pena de responsabilização legal, atos conhecidos de pedofilia às autoridades civis; policia, justiça e ministério público.

Bento XVI, o poderoso Cardeal Ratizinger, preceptor de João Paulo II na Congregação da Doutrina e da Fé, faz tempo luta por suas posições de colocar a Igreja em seu lugar de correção sob esse aspecto; era o mínimo esperado.

Melhor mostrar as vísceras para limpá-las do que escondê-las sob o covarde manto da vergonha que admite e prolonga o mal.

Papa Bento XVI, o maior teólogo vivo do mundo, e o mais pleno intelectual sob visão distante de credos e religiosidades, coloca a instituição, que também é política, em seus devidos rumos.

A Igreja é política direta e indiretamente, conforme época e história. Como órgão político que também incorpora a mutação social, queiramos ou não, se imiscue fortemente nos avanços sociais e em suas altas discussões. Esta é mais uma razão, de não poder excluir ninguém dos rigores da lei, de submissão às regras impostas a todos, e não só às normas inseridas no acanhado sistema penal do Código Canônico. Sob esse ângulo e dessa forma vinha procedendo a instituição, com raros procedimentos comuns exercidos pelas famílias violentadas, sempre temerosas, justificadamente, de exporem os abusados.

Madre Maria da Cruz foi acusada até mesmo de alcoolismo e de vida desregrada. Era a vontade corporativa de punir aquela que em priscas épocas teve o heroísmo de pugnar pela preservação da inocência da infância. A corporação não via seu lado claro, bom, heróico e humano, mas modernidade e avanço demasiado para sua época, sonegando e escondendo suas misérias, nada mais que misérias humanas.

Prevalece assim a correção, o bem em detrimento do mal, consagrando-se, exauridos os meios exigidos pela igreja para a canonização, milagres em número ao menos de dois, verificados e provindos da canonizada.

Caminhamos nesse sentido na certeza de que um grande mal vai sendo ferido, a pedofilia, principalmente originado de votos de pessoas que se entregam ao que de melhor haveria no homem e praticam o que há de pior, covardemente.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/10/2010
Reeditado em 04/11/2010
Código do texto: T2565991
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.