CRÔNICA – Meu domingo!
CRÔNICA – MEU DOMINGO – ESCRITA EM 17.10.2010
Depois de algumas decepções com o que vi de imundícies nas ruas do distrito de Gaibu, do município do Cabo de Santo Agostinho (PE), governado por um competente administrador, mas de seus bens, voltei a casa, feliz e satisfeito com as alvissareiras notícias da saúde de meu irmão.
Sabe, ele é um pequeno comerciante do ramo de farmácia, tão diminuto que no local aonde fez o seu negócio, que já data de mais de vinte anos, num bairro que era carente desse tipo de comércio, e ficou sendo o único na área. Com o crescimento populacional, foram aparecendo novas empresas a cada ano, até mesmo vizinhas a sua, de tal sorte que está ilhado, disputando um mercado que é próprio de quem tem recursos, das grandes redes. Penso que é porque ele ainda adota aquele velho costume de vender fiado, na famosa caderneta.
Quando falo nesse tipo de comércio antigo me vem à mente a bodega do português Manoel Joaquim, que peço licença pra contar, de domínio público, aliás: O pai do Cabecinha, garoto peralta, o mandou comprar na bodega, para o café da manhã, uma dúzia de ovos de galinha. Quando o menino adentrou o recinto, o senhor Manoel, que tinha um medo dele danado, em face das pornografias que era acostumado a falar, logo lhe dera preferência no atendimento. “Bom dia seu Joaquim, dissera o garoto”! – Poxa, ele hoje veio muito educado, que coisa; o que deseja meu rapaz? – Uma dúzia de ovos de galinha, por favor. – Desculpe-me, mas está em falta. – Não me diga, deveria ter. – De viria tem, encerrou o portuga.
Mas, voltando ao mano: Propostas imorais para crescer, e muito, já recebera e a todas recusou como um sujeito de bem, praticando a educação que nossos pais nos deram naquele tempo em que a honra era o começo de tudo. No país de hoje, digo melhor, de depois de Getúlio Vargas, com raras exceções, predomina o mau exemplo e a roubalheira dos recursos do povo, sem contar com os escândalos na área da moral e dos bons costumes, por exemplo, e na impunidade que os criminosos recebem do governo da insegurança, a que estamos sujeitos.
Hoje estamos rezando por ele, pois se acha numa UTI de hospital, submetido que fora a um procedimento cardíaco de alto risco, mas com as orações dos familiares, amigos e até do pessoal do recanto já experimentou uma pequena melhora. O que Deus não faz nesse mundo, minha gente! Estamos todos confiantes no seu restabelecimento.
Feita essa digressão, cheguei ao meu paraíso, e me deu vontade de pintar uma tela, talvez um casario, uma marina, mas decidi por um antigo engenho de açúcar da região norte do Estado, que hoje não mais funciona, porquanto as modernas usinas implantadas desde o formidável programa PROTERRA, que fora criado pelos governos revolucionários, tiraram a vez daquilo que era quase artesanal, do tempo da rapadura. Agora, a cana entra por um lado, o bagaço sai por outro, e o álcool e o açúcar também.
Há tempo que não pintava coisa alguma, só o sete, porém fui devagarinho como quem não quer e querendo; mas as minhas mãos estavam desacostumadas, rígidas, essa era a verdade. Resolvi então tomar uma cervejinha, daquelas estupidamente geladas, e aí a inspiração foi chegando, até que produzi a tela que está acima deste trabalho. Pra dizer a verdade, dei-me por satisfeito.
E meu domingo se tornou maravilhoso, porém sozinho...
Fico por aqui.
Meu abraço.
Em revisão.