A rejeição
Sentir-se rejeitado é sentir que é pouco, é sentir-se nada. É precisar de si mesmo e não ouvir resposta. É procurar acalento e não receber um afago. É abandonar o ego, é perder o senso, é esgotar a força. É, enfim, sentir-se só. Profundamente só.
A rejeição procura um olhar atento, mas se vê cega e desamparada. Busca, incansável, por abrigo, mas enfrenta, dolorosa, o frio que provoca em si mesma. Chora pela falta de motivo, briga pela falta de valor e adoece no umbral daqueles que não têm fé. A rejeição provoca sua própria amargura, embora anseie por paz e zelo.
Ser rejeitado é não ser ouvido, é não ser falado, é ser a indiferença e o tanto faz. Ser rejeitado é permanecer mudo, quando nunca esteve calado. É não olhar para si, é não olhar para o lado, é viver sem música, é viver sem arte, é viver sem gosto, é viver sem sexo, é viver sem nexo.
O ser rejeitado quer uma ponta de esperança, um pouquinho de carinho, um sorriso sincero, um momento de exclusividade. E quer aplausos, assovios, um minuto de atenção. Porque o ser rejeitado também quer ser estrela, mesmo que em seu palco ele não aviste a platéia. E mesmo que o único espectador seja o reflexo de si mesmo.