Sapo X Príncepe
Postei no Recanto das Letras um poema intitulado “Sapo???” Nele expressei minha indecisão em beijar o anfíbio. Porém dentre os comentários dos amigos recantistas, notei alguns toques: “é preciso beijá-lo para desfazer o encanto”.
Numa noite de lua cheia, muni-me das armas próprias de uma geminiana de seus quarenta e poucos anos: coragem, ousadia, batom(lábios pintados de vermelho) e uma taça de vinho.
Depois deste ritual, beijei o anfíbio(um beijo rápido). Esperei alguns segundos e eis que surge um belo “lobo mau”. Com certeza um dos mais bonitos representantes da espécie. Garboso, ágil, voraz, determinado.
A convivência com o “Canis lupus” foi maravilhosa por algum tempo. Vivemos uma suculenta e eletrizante fantasia.
Mas...
Isso foi me cansando, tanta voracidade estressou-me. De caçadora..., tornei-me presa. Hora de dar um basta nisso.
Numa outra noite (creio que não havia nem lua), preparei uma armadilha. Nem precisei daquelas armas. Foi fácil. Tranquei-o a oito chaves, pois sete, faz parte de outra história. No começo ele esperneou, mas ficou exausto e dormiu.
E a vida continuou... Resta-me esperar outro sapo, o que não tardou a acontecer.
Ao chegar do trabalho, em torno de 22h33m. La estava ELE, outro anfíbio, esse me pareceu mais gracioso. A impressão era que me esperava. Sem prévio ritual, automaticamente o beijei.
Suspense... desta vez demora um pouco. Porém aparece. Pasmem garotas! È um príncipe! Que maravilha, pensei. Simplesmente lindo, educado, cavalheiro, encantador e até delicado. Tratava-me como uma princesa. Todavia algo parecia errado. Eu me perguntava: todas essas características é o que esperamos de um príncepe, o que faltava então???
Detectei o problema: tratava-me como princesa, não como mulher. Confesso que senti (um pouco) de saudades do lobo.
Peguei meu príncepe, convidei-o para um jantar e numa conversa civilizada findamos nossa relação. Eu não pretendo julgá-lo, mas não sei não, por um instante flagrei-o trocando olhares com o garçom.
Senti-me aliviada, bem e confiante. Com certeza não quero nem príncepe, nem lobo mau. Desejo sim, a mistura perfeita desses dois. Será que isso existe???
Essa resposta não me preocupa muito... Vivo meus dias, às vezes como loba, outras como princesa, e ainda, na maioria das vezes, como mulher. Ei... espera aí, também como mãe, como profissional, como etc, etc, é muito para nós. E o pior damos conta.