Devia ter desistido de participar desse exercício. Estou sem a mínima, a mínima inspiração. Pensei, em várias situações e todas eu abortei por não gostar de nada. Mas eu já disse que sou teimosa? Empacada? Pois é. "E nem vem que não tem... Discussão agora não quero". Foi o que disse pra minha filha pra escapar de uma discussão, que mesmo assim aconteceu, mas de forma leve. E daí...Click! Vou escrever sobre essa fase de espera, de gravidez coletiva da família! Também peço desculpas pelo atrevimento de escrever sem ter a mínima noção do que por no papel, digo, telinha. Eis o fato gerador do meu texto de hoje.


Resolvemos passar o final de semana em casa, não ir para o litoral, como sempre fazemos.. É que estamos na expectativa da visita da cegonha. Espera aí! Ai,ai,ai. Ai! Pensam que é um filho meu que chega! Não! ! A cegonha vai trazer  mais um neto. Um menino que já se mostra terrível. Pelos exames, grande e saudável.

Ela já está na 39ª semana de gestação e ela ainda está atravessado. Parece que não quer sair, não! A coitada está tão inchada, com dificuldade de respirar, pés que parecem bolas. Não tem sapato lhe servindo. Apenas chinelinho e a ainda machucam seus pés. Alertei para o perigo de pressão alta. Até aqui sua pressão tem estado baixa . Dá aflição na gente e o danadinho, nada. “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. É o que ele quer. Mas, já estão pensando numa provável cesárea. Que pena!

Nessa expectativa não dá pra viajar porque o corpo vai, mas a cabeça e o coração ficam aqui. Quero estar presente na hora mais importante da vida dela. Por isso estamos em casa sofrendo todos a mesma agonia. O telefone não pode tocar que a gente já fica alerta. Pára para saber quem é, se é ela precisando de ajuda para ir ao hospital.
 
Para ajudar a complicar as coisas, eles tiveram que mudar de casa; contrato vencido, mais um filho, quiseram casa maior. Mudança, desarrumação, arrumação que nunca termina, limpa, que limpa, guarda que guarda... Uma coisa do outro mundo... A filhinha que só quer a mãe. Quer colo da mãe, quer que a mãe dê água, que pegue a boneca...Uma tiraninha.

Ela diz, que está cansada, que não agüenta mais, fica desalentada, porque é muito requisitada pela menina de três aninhos, uma bonequinha. Eu, só posso ouvir, não posso fazer nada nesse momento e, isso realmente angustia. A sensação de impotência, de inutilidade é triste. A gente que já teve filhos, que já passou por toda esta fase, sabe que ninguém pode fazer nada a não ser...ele. Sua majestade o bebê!
 
Outras vezes ela tenta desabafar o estresse, querendo alguma solução, fica nervosa, irritada...E eu digo, também irritada: Ei, calma!Nem vem que não tem ,não! Não é hora de ficar nervosa! É hora de poupar energia, mocinha. “É que estou angustiada,ela diz. Tudo bem... mas não não tem refresco, não. Enquanto ele não quiser ver a luz do dia é isso que vai ser. Precisa de paciência e guardar energias. Vai precisar e muito delas. O bebê precisa de calma de tranqüilidade. Ela responde: vou deitar e pôr as pernas um pouco no alto.
 
E eu fico a pensar. Que hora bonita! Que hora doída! Que hora sofrida! Que alegria ela vai ter quando ver o rostinho do filho! Está sendo muito abençoada! E nós também


Este texto faz parte do Exercício Criativo – Nem Vem Que Não Tem
Conheça os textos, de outros autores sobre o tema. http://www.encantodasletras.50webs.com/nemvemquenaotem.htm

A magem é da internet
MVA
Enviado por MVA em 18/10/2010
Reeditado em 22/10/2010
Código do texto: T2563337
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