Há tanta vida...
Eu sou aquela pessoa que tenta expor a alma, mas de cara lavada. Sou metade bobeira e metade seriedade. Não suporto risos previsíveis, nem choros piedosos. Carrego na alma os mistérios insondáveis de uma criança, e ao mesmo tempo, tento exercitar a paciência e a tolerância, que só um idoso saberia explicar. Não tenho pressa, nem desespero, não sei se vou chegar aonde quero, mas sei que vou chegar a algum lugar. Prezo o silêncio, admiro a solidão. Mas sei me juntar imediatamente aos gritos calorosos de uma multidão e me entregar aos desejos irresistíveis de um amor, do meu amor.
Não sou nada normal, muita coisa me aflige, sou diferente e igual. Quero fugir, ficar bem longe de tudo que não seja, basicamente, real. Não suporto mentiras. Prefiro a verdade, por mais dolorosa que seja. Não há nada que não seja superável. Sentir pena é reduzir a capacidade de superação. E, é exatamente neste ponto que compreendo que a normalidade é sutilmente uma ilusão. Tão lúdica quanto a falsidade, a ganância, a soberba e o excesso. Prefiro não dividir espaço com meios termos, e vou sempre acreditar que meia verdade é uma mentira inteira e que levantar o tom de voz é facilmente irracional.
Mas, é assim que percebo o quanto há vida em mim, que existem muitas vidas ao meu redor, que cada pessoa é um mundo, que o respeito mútuo é uma prática de equilíbrio e não se pode viver sem equilíbrio e limites, que o amor é simplesmente um sentimento subliminar. E por fim, que viver de verdade está muito além da minha mera existência neste mundo e existir é uma troca de vivências. Há tanto a se aprender, e tão pouco tempo para descobrir tudo que é preciso... Que, só não se pode morrer, sem ter aprendido ou ensinado alguma coisa.
Vanessa Mayane Melo Valente
Goiânia, 17 de outubro de 2010