AMOR (Parte II)

-PARTE II -

Na primeira parte das minhas reflexões eu falava sobre as dificuldades que temos que vencer ao sermos amados, para que dessa forma tenhamos condições de amar com a generosidade e a leveza que merece esse sentimento. A conclusão que cheguei naquela ocasião, me impulsionaram a novas reflexões que agora em continuidade aos meus pensamentos, irei aqui registrar.

A generosidade tem um papel fundamental no exercício do ato de amar. Mas refletindo um pouco mais além, percebi que existe mais a ser levado em consideração e entendido por nós; estou falando de “desapego”. Sim, desapego.

É muito comum nós ao encontramos o amor, nos apegarmos ao objeto desse amor como se a nós pertencesse. Nos esquecemos que o amor é um sentimento incrivelmente libertador, e que essa libertação se dá através do enriquecimento moral, do nosso melhoramento como pessoas. Uma evolução individual que só se dá na presença do amor. Sim, pessoal. Não se esqueçam que cada um de nós é individualmente uma pequena peça da engrenagem que movimenta “o todo”. Não se deixem levar pelas aparências, pois não há nada de egoísta nessa afirmação.

Como eu ia dizendo, quando amamos tendemos a nos apegar em demasia a quem amamos. Isso é perfeitamente compreensível. Afinal, não há melhor sensação do que amar. E porque não querermos só para nós ou que dure para sempre? Inebriados com essa sensação tão maravilhosa, nos deixamos levar pelo sentimento de posse e esquecemos de um conhecimento fundamental que trazemos de berço em nossa bagagem moral, mesmo que a gente não se lembre. Nos esquecemos que o amor é universal e mesmo que distante do nosso convívio e dos nossos olhos, dura para sempre através da nossa memória e de suas melhorias causadas em nós.

Talvez o fato de eu ter dito a palavra “universal” cause alguma confusão ao entendimento de alguns. Então, por favor permitam que eu dentro da minha parca sabedoria lhes explique: Universal, porque mesmo acontecendo dentro de uma pequena célula de duas, três, quatro pessoas... O amor é como uma pedra jogada na superfície de uma lago. Ao interferir no interior de uma célula, as ondas que se propagam em decorrência dessa interferência aparentemente individual, acaba por influenciar as células ao redor daquela que originou o movimento. Sendo assim, O amor não é exclusividade de um. Na sua natureza está disponível a todos mesmo que parta de você. O amor é um sentimento generoso, nunca se esqueçam disso.

Continuando meu pensamento, cheguei a conclusão de que ao nos unirmos a alguém que amamos, na verdade não deveríamos fazê-lo pensando em nós mas no outro a quem amamos. Meio confuso eu sei, eu também me senti assim. Mas vamos pensar juntos: O amor é libertador, causa melhoras em nós e é generoso... Agora perguntemos a nós mesmos. Porque amamos e qual o objetivo do exercício desse sentimento. Ouçam dentro de vocês a resposta.

-Ajudar.

-Ajudar a quem?

-A melhorar.

-A mim mesmo?

-Não, ao próximo... Ao ser amado.

Quando nos unimos a quem amamos, fazemos isso por quem amamos e não por nós mesmos. E o nosso objetivo é auxiliar a essa pessoa em sua jornada rumo a evolução moral. A melhora que usufruímos em nós, é consequência da ajuda que damos ao outro. “Amai ao próximo como a ti mesmo”, pois na verdade, no final de tudo, é isso que estará fazendo.

O desapego vem da consciência de que somos cada um de nós , indivíduos com características da mesma forma individuais e próprias, mesmo sendo parte de um todo. E nessas características individuais, temos tempo e nível de evolução moral diferente uns dos outros. E não só, também temos a nossa vontade... O livre arbítrio. Sendo assim, nem sempre a ajuda que damos é percebida,aceita ou absorvida como desejávamos pelo outro. E da mesma forma, a pessoa a quem amamos pode partir. Seja através da morte física ou pelo desejo de caminhar outra estrada diferente da que caminhava ao seu lado.

- É doloroso ver a partida de quem amamos?

-Sim... muito! Mas necessário.

-Foi justa essa morte?

-Sim... cada um tem seu tempo, lembra?

-A escolha de uma nova estrada foi justa, correta?

-Mesmo que não tenha sido, cada um de nós tem o direito de escolher o próprio caminho. E da mesma forma, o direito e ao mesmo tempo a obrigação de arcar com as consequências das nossas escolhas.

-Se a sua missão foi cumprida?

-Bom, olhe para o outro e veja se a influencia da sua ajuda surtiu algum efeito por menor que ele seja.

-Você tem dúvidas?

-Então olhe para você mesmo. Se você estiver ainda melhor moralmente do que antes, então a resposta é sim. Você cumpriu a sua missão.

-Porquê?

-Porquê fez com e por AMOR.

cinara
Enviado por cinara em 17/10/2010
Reeditado em 18/10/2010
Código do texto: T2561760
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