UM SER CHAMADO PROFESSOR
Esta semana, no dia 15, comemorou-se o Dia do Professor. Acredito que, de todas as profissões, a de professor seja aquela que todos nós mais admiramos desde pequenos. Eu, particularmente, me realizei quando assumi, lá pelos idos de 1990, uma sala de aula. A sensação foi indescritível, ao pisar, pela primeira vez, em uma sala cheia de alunos e ser eu a ministrar uma aula.
De lá para cá, tenho procurado conciliar as dificuldades com os avanços lentos que, a cada dia, esse maravilhoso ofício nos reserva.
Porém, ser professor não é só ministrar aulas, repassar ou mediar conhecimentos, é, antes de mais nada, saber que tem nas mãos o produto mais valioso que a vida pode oferecer: o ser humano. E é esse ser em formação que deve ser “seduzido” – trazido para a sala de aula –, com maestria, para se evitar que ele seja enganado pela ilusão das novidades fora da instituição de ensino.
E é uma tarefa árdua, desigual – que chega, muitas vezes, a ser quase impossível equilibrar essa luta –, principalmente, nos dias de hoje. Contudo, se for feita uma análise sobre a trajetória de um jovem adolescente, veremos que, durante toda a sua breve vida, ela foi quase que totalmente voltada para a sua formação escolar, e que o professor foi – e continua sendo – a pessoa mais influente em suas decisões e conceitos. Assim, se tivermos o compromisso com o amanhã de cada um deles, teremos condições de encaminhá-los para outras realidades e, com isso, dar-lhes a chance de, eles mesmos, mudarem os seus destinos e os dos seus.
Uma vez eu estava conversando com um colega professor que reclamava dos baixos salários, do alto risco de se trabalhar em escolas de periferia, e de ter uma clientela, em sua maioria, que não queria nada com os estudos e, ainda por cima, segundo ele, com sérios problemas com drogas e pequenos furtos. Por isso, continuou ele, eu faço de conta que ensino, e eles, por outro lado, fazem de conta que aprendem.
De fato, pensei eu, antes de dar-lhe uma resposta, temos problemas sérios, nos dias atuais, como o desemprego e, principalmente, as drogas. Mas, antes de condenar alguém, devemos ter uma leitura do contexto em que essas pessoas vivem, o que está por trás de cada uma delas, as dificuldades que elas têm de socialização, a falta de estrutura assistencial por parte das autoridades, a família, a falta de oportunidades – no aspecto pessoal e no profissional –; enfim, uma gama de valores e infraestrutura que os levam para, muitas vezes, caminhos errados. Todavia, só o simples fato de eles estarem de volta à instituição de ensino, só o fato de eles estarem voltando a frequentar os muros escolares, já é um motivo mais que suficiente para se entender que, mesmo muitos deles estando em contravenção, em desalinho com a sua condução moral e ética, na verdade, o que eles estão querendo é uma segunda chance ou uma nova chance para se encaminharem na vida.
E é aí que entra o mágico da sala de aula. Somente o professor tem o verdadeiro domínio do ambiente em que vive. Conhece tudo. E por conhecer, sabe como agir dentro dele. Por isso que ele assume, com a sua mágica, vários papéis, dentre eles, os de psicólogo e amigo. Ouvir, para compreender cada realidade de seus pupilos, é poder reinventar a prática docente tradicional e transformá-la de acordo com as produções do mundo contemporâneo, e saber, além de tudo isso, que existem várias realidades dentro de uma mesma realidade chamada ambiente escolar.
Então, eu olhei para aquele colega e lhe falei que ele estava na profissão errada. Ser professor, disse-lhe eu, não era dar o peixe, mas ensinar a pescar. E ele não tinha, de forma alguma, o direito de impedir que aqueles alunos, sob a sua tutela, fossem tolhidos de conhecer outras realidades. E completei:
- Fulano, ser professor não é uma profissão, é um dom, é uma missão que lhe foi confiada. Você não pode pensar que, em sendo professor, vai ter, no salário, a realização das coisas materiais. Talvez nem dê para subsidiar uma capacitação ou comprar as inovações tecnológicas e, com isso, se aprimorar e trazer mais atrativos para a sua sala de aula, mas, com certeza, você vai ter – no dom que lhe foi dado –, a oportunidade de formar cidadãos plenos que servirão, no futuro, ao seu país.
E terminei, com uma frase que, quando a li, achei-a maravilhosa. As suas metáforas formam o maior número de entrelinhas e subjetividades que uma pessoa poderia encontrar para refletir sobre a prática docente:
“Ser professor não é profissão, é uma missão, é caminhar sempre de frente para o sol e nunca permitir que sua sombra lhe guie, o afastando do seu objetivo maior, a educação” (William Manhães – Professor de Artes).
Obs. Imagem da internetEsta semana, no dia 15, comemorou-se o Dia do Professor. Acredito que, de todas as profissões, a de professor seja aquela que todos nós mais admiramos desde pequenos. Eu, particularmente, me realizei quando assumi, lá pelos idos de 1990, uma sala de aula. A sensação foi indescritível, ao pisar, pela primeira vez, em uma sala cheia de alunos e ser eu a ministrar uma aula.
De lá para cá, tenho procurado conciliar as dificuldades com os avanços lentos que, a cada dia, esse maravilhoso ofício nos reserva.
Porém, ser professor não é só ministrar aulas, repassar ou mediar conhecimentos, é, antes de mais nada, saber que tem nas mãos o produto mais valioso que a vida pode oferecer: o ser humano. E é esse ser em formação que deve ser “seduzido” – trazido para a sala de aula –, com maestria, para se evitar que ele seja enganado pela ilusão das novidades fora da instituição de ensino.
E é uma tarefa árdua, desigual – que chega, muitas vezes, a ser quase impossível equilibrar essa luta –, principalmente, nos dias de hoje. Contudo, se for feita uma análise sobre a trajetória de um jovem adolescente, veremos que, durante toda a sua breve vida, ela foi quase que totalmente voltada para a sua formação escolar, e que o professor foi – e continua sendo – a pessoa mais influente em suas decisões e conceitos. Assim, se tivermos o compromisso com o amanhã de cada um deles, teremos condições de encaminhá-los para outras realidades e, com isso, dar-lhes a chance de, eles mesmos, mudarem os seus destinos e os dos seus.
Uma vez eu estava conversando com um colega professor que reclamava dos baixos salários, do alto risco de se trabalhar em escolas de periferia, e de ter uma clientela, em sua maioria, que não queria nada com os estudos e, ainda por cima, segundo ele, com sérios problemas com drogas e pequenos furtos. Por isso, continuou ele, eu faço de conta que ensino, e eles, por outro lado, fazem de conta que aprendem.
De fato, pensei eu, antes de dar-lhe uma resposta, temos problemas sérios, nos dias atuais, como o desemprego e, principalmente, as drogas. Mas, antes de condenar alguém, devemos ter uma leitura do contexto em que essas pessoas vivem, o que está por trás de cada uma delas, as dificuldades que elas têm de socialização, a falta de estrutura assistencial por parte das autoridades, a família, a falta de oportunidades – no aspecto pessoal e no profissional –; enfim, uma gama de valores e infraestrutura que os levam para, muitas vezes, caminhos errados. Todavia, só o simples fato de eles estarem de volta à instituição de ensino, só o fato de eles estarem voltando a frequentar os muros escolares, já é um motivo mais que suficiente para se entender que, mesmo muitos deles estando em contravenção, em desalinho com a sua condução moral e ética, na verdade, o que eles estão querendo é uma segunda chance ou uma nova chance para se encaminharem na vida.
E é aí que entra o mágico da sala de aula. Somente o professor tem o verdadeiro domínio do ambiente em que vive. Conhece tudo. E por conhecer, sabe como agir dentro dele. Por isso que ele assume, com a sua mágica, vários papéis, dentre eles, os de psicólogo e amigo. Ouvir, para compreender cada realidade de seus pupilos, é poder reinventar a prática docente tradicional e transformá-la de acordo com as produções do mundo contemporâneo, e saber, além de tudo isso, que existem várias realidades dentro de uma mesma realidade chamada ambiente escolar.
Então, eu olhei para aquele colega e lhe falei que ele estava na profissão errada. Ser professor, disse-lhe eu, não era dar o peixe, mas ensinar a pescar. E ele não tinha, de forma alguma, o direito de impedir que aqueles alunos, sob a sua tutela, fossem tolhidos de conhecer outras realidades. E completei:
- Fulano, ser professor não é uma profissão, é um dom, é uma missão que lhe foi confiada. Você não pode pensar que, em sendo professor, vai ter, no salário, a realização das coisas materiais. Talvez nem dê para subsidiar uma capacitação ou comprar as inovações tecnológicas e, com isso, se aprimorar e trazer mais atrativos para a sua sala de aula, mas, com certeza, você vai ter – no dom que lhe foi dado –, a oportunidade de formar cidadãos plenos que servirão, no futuro, ao seu país.
E terminei, com uma frase que, quando a li, achei-a maravilhosa. As suas metáforas formam o maior número de entrelinhas e subjetividades que uma pessoa poderia encontrar para refletir sobre a prática docente:
“Ser professor não é profissão, é uma missão, é caminhar sempre de frente para o sol e nunca permitir que sua sombra lhe guie, o afastando do seu objetivo maior, a educação” (William Manhães – Professor de Artes).