Os bons tempos voltaram...(Apíce do ceticismo)
Estremecia cada vez que ouvia especialmente de minha mãe:
-Vai fazer o que estou te mandando ou vai querer que chame a policia?
Era uma mistura de sentimentos que aos 05/06 anos de idade me deixavam muito confuso. Mais independente do que sentia, funcionava, as tarefas escolares eram rapidinhas colocadas em dia, o pedido de desculpas por ter batido em minhas irmãs eram imediatos.
-Já não tem ensinei que homem não bate em mulher? Perguntava ela furiosa você quer que chame a policia?
Eu gelava, suava frio só de pensar naqueles que para mim eram os justiceiros da cidade.
Hoje, tantos anos depois posso afirmar categoricamente que: Se minha mãe tivesse educado aquele ex.goleiro do flamengo (não teria dado um tapa se quer...)
Bom, quando tinha uns 07 anos , portanto com os conceitos um pouco mais consolidados (pelo menos na minha cabeçinha), uma tia que morava e ainda hoje mora na cidade do Rio de Janeiro e tinha e tem o habito de nos visitar todos os anos no estado do Paraná, perguntou-me repentinamente no meio de uma brincadeira, o que você vai ser quando crescer?
Nem precisei pensar;
-Policia! Respondi de imediato;
Minha tia fez uma cara que me deixou inquieto, mais, antes mesmo que tivesse tempo de elaborar uma pergunta, ela me disse:
-Policia não!
-Porque não?
-Por que...bandido mata policia, disse ela.
Um gosto amargo na boca, uma inesperada decepção se apossou de mim naquele instante, na minha concepção policia era imortal, imbatível, invencível...
Entretanto, não hesitei e remendei em seguida:
-Então eu quero ser bandido!
Policia era tudo de bom, imagina os atributos que teria um bandido Já que o primeiro (acreditava eu) conhecia já de um bom tempo, agora, bandido naquela pequena cidade do interior do Paraná era de fato uma raridade, ao contrario do Rio onde já havia esboço na época (anos 70) da grande organização vista nos dias de hoje. Minha tia já conhecedora das atrocidades cometidas pelos tais “bandidos” na verdade não teve dificuldades em convencer-me a não ser nenhum... nem outro.
Fiquei então por muito tempo, assim como uma bala perdida e como tal achei o que não procurava, fui me alojando aos poucos e hoje posso afirmar que amo o que faço.
Corrupção, abuso de autoridade, violência, injustiça, ações malsucedidas, estes são apenas alguns exemplos do que transformou-se a policia onipresente de outrora
Surge vez ou outra casos de eficiência absoluta e vale o aplauso para toda corporação; vejamos o caso do filho da Cissa Guimarães:
Um túnel na zona sul do Rio foi interditado para obras, oportunidade única para “brincar” dentro do acústico, mais inesperadamente, mesmo com placas instrutivas, fita de segurança, o túnel foi invadido por dois veículos que faziam racha, um deles pilotado por um tal Marcelo, atropelou e matou o “menino que brincava”, o que o tal Marcelo não esperava é que aquela policia (aquela que eu temia e respeitava) estava La do outro lado do túnel, no lugar certo e no momento exato, como nos “bons tempos”...