A Volta dos Templários(?)
800 anos já, desde a destruição da Ordem dos Templários.
Mas, ao que parece, a política brasileira quer ressuscitar esta ordem para a defesa do que acham ser "sagrado". Os candidatos à Presidência do Brasil, agora, têm que prestar compromissos com representantes de religiões e seitas para angariarem a simpatia e o crédito popular.
Esta eleição está semelhando uma Cruzada, só que o objetivo não é a tomada de Jerusalém, mas a posse em Brasília. Os batedores (digo marqueteiros) estão investindo tudo em defender ambos os candidatos do ataque oponente, notadamente no que respeita a questões religiosas ou temas afins. Aborto, homofobia, casamento gay, crença religiosa e outros temas têm sido as clavas, as espadas, os gládios dos cruzados de agora.
O art.19 da Constituição Federal, que diz ser o Brasil um país laico - tradição mantida desde a Constituição de 1891 - está sendo vulnerado pela prática política e demagógica. Não seria de surpreender se o revogarem, por meio de Emenda Constitucional, para instituírem uma Religião do Estado, como acontece, por exemplo, hodiernamente na Noruega, cuja Constituição de 1814, ainda em vigor, prevê que a religião Evangélico-Luterana é a Oficial do Reino da Noruega; ou então a da Dinamarca de 1953, que prevê como religião do Estado, a Igreja Luterana-Dinamarquesa.
Retrocesso - não encontro outra palavra para definir esta situação. A crença religiosa, o direito de escolher o credo ou, se quiser, adotar o ateísmo ou agnosticismo, são decisões de cunho particular, individual e íntimo. Pouco ou nada importa, a crença do candidato à Presidente. O que vale, o que realmente pesa na hora da escolha do novo mandatário da Nação, são as suas propostas para o quadriênio vindouro, ou seja, os seus planos para a saúde, educação, segurança, previdência social, dentre outros temas de importância nacional.
Poderíamos viver uma política madura - onde não seriam necessárias as promessas feitas por nossos candidatos em nossa política caótica - e sim termos certeza de que eles priorizariam o cumprimento dos temas de relevância nacional que nos fazem hoje carentes pela ausência do cumprimento das promessas.
Basta de discutirmos o sexo dos anjos, o credo do candidato "a" ou "b" e passarmos a discutir o que realmente interessa. Não, não queremos tomar Jerusalém, nem tampouco sermos os guardiães do Cálice Sagrado; queremos, isto sim, solução para os problemas reais do nosso País.
(Danclads Lins de Andrade).