O bolo do Dia das Mães

Gilberto Gabelini

11/05/07

No supermercado, o movimento era intenso. Carrinhos cheios de mercadorias. Todo mundo fazendo compras para que a mamãe, em seu dia, enfrentasse uma cozinha daquelas e fizesse uma batelada de comida — e tudo para comemorar seu dia.

No setor de panificação a vendedora tentava vender lindos bolos decorados a um freguês. Bolos com formato de coração, vermelhos, brancos, com inscrições — “Salve a Mamãe”, “Mamãe eu te Amo”, todas louvando o grandioso dia.

— Leve um bolo para sua esposa. Ela vai adorar a lembrança.

— Minha esposa não gosta de bolo — retrucou o freguês que não estava interessado na guloseima.

Mas a vendedora não queria perder a venda e disse com ênfase:

— Leve então para sua sogra...

— Eu não gosto de minha sogra!

A vendedora, não querendo se dar por vencida, insiste:

— Leve então para sua vizinha.

Uma névoa turvou o semblante daquele senhor que, para encerrar, disse, tristemente:

— Minha vizinha... não gosta de mim.