Bandeiras e hastes humanas
Indo para meu trabalho, manhã nublada, caindo uma poeira de chuva fria, eu me encolhia na moto, para ver se me molhava menos, passando por um determinado lugar, notei uma senhora que limpava uma enorme placa de um político qualquer, que não era de nossa cidade pequena ; já de volta na hora do almoço, ainda no canto daquele muro estava aquela senhora ao lado daquela placa, parecia um cão de guarda.
Guardei aquela imagem em minha mente, à tarde voltando da academia, sentei num banco de uma praça no centro da cidade, ali me pus a observar o transito, e pessoas a mim eram vistas como bandeiras ou hastes humanas, várias mocinhas, senhoras enfim, segurando bandeiras de políticos locais e desconhecidos. Quando o sinal fechava, lá corriam as mulheres com um enorme banner exibindo aqueles políticos com sorrisos largos.
Fiquei refletindo, geralmente essas pessoas estão desempregadas e acham nesse tipo de trabalho uma fonte de renda, hastes humanas...após a política, as bandeiras são retiradas de suas hastes, as ruas ficam limpas, sem santinhos, sem pessoas trabalhando, e pobre dessas pessoas que emprestaram seus braços.
Antes das eleições é fácil encontrá-los pelas ruas, é fácil ouvir suas vozes, ter acesso aos seus números de telefones, eu fui abordada em minha residência, me ofereceram trabalho fácil, num país de desemprego, o povo sorri confiante, eles precisam de nós, mas depois de eleitos, tudo muda o trabalho feito não é reconhecido, para se conseguir falar com um ilustre desses vocês vão precisar de sorte, mas lamento informar que a sorte não acompanha o pobre.
Minha maior indignação é para aqueles políticos que nunca os vi por aqui, não conhecem a realidade da cidade, a dificuldade do povo, daí aparecem como nuvem e como nuvem se vão.
Está cada vez mais difícil votar neste país, o povo ainda se ilude e por causa de um biscate, acabam acreditando e votando num político sabe se lá de onde, a gente votando em gente de nossa terra, não se pode esperar muito, imagine nesses figurantes.
Termino lembrando-me de uma frase de um deputado famoso: “Nosso povo merece respeito”.