ESPETÁCULO DA NATUREZA
Aproxima-se a primavera...
Os ipês resistem ao tempo seco e quente, suas copas florescem e colorem a paisagem cinzenta e cheia de fuligem das queimadas.
No chão, formam-se lindos tapetes roxos e amarelos com as flores que caem dos ipês e beijam-no em reverência à sua fertilidade.
Ao longe, algumas cigarras já começam a ciciar. Em breve, seus zunidos ensurdecedores incomodarão muita gente ao mesmo tempo em que inspiração trarão aos poetas. Também em breve as lagartas transformar-se-ão em lindas borboletas que, coloridamente, lançarão todo o seu charme às flores, que por sua vez exibirão sua exuberante beleza aos encantados colibris, amigos e rivais dos vates apaixonados que, em desvantagem diante das pequeninas e airosas aves, limitam-se a escrever seus versos à estação florida, que chega sem alarde, mas com pose de estação-rainha.
E atraídas pelo cheiro afrodisíaco do néctar das flores que chegam no encalço da primavera, as abelhas também chegarão e montarão acampamento próximo às árvores em florescimento, e lá ficarão de sentinela, à espera do primeiro desabrochar.
Enquanto isso, nós, aspirantes a poeta, ficaremos esperando o espetáculo primaveral que Natureza nos apresenta, para que assim – quem sabe? – os nossos humildes versos também possam florescer.