Simplesmente a Casa
A casa parece uma coisa simples: quatro paredes separando o teto do chão. Aliás, a casa é uma coisa simples e, quanto mais casa é, mais é simples. Há muitos tipos de casa: quadradas, retangulares, redondas, de várias formas e cores, subterrâneas, aéreas, sobre árvores, marítimas, fluviais ou apenas casas na água. Bem diferentes daquelas das de joão-de-barro, que, instintivamente, ganham um só formato. As nossas são casas feitas pelo homem, quando muito por arquiteto para nelas imprimir utilidade e beleza. Talvez por causa disto, chamem Deus de “arquiteto do universo”. Como Deus é simples, suporta esta e outras comparações, até a de que fomos criados à sua imagem e semelhança, e consente ironicamente simplicidade à casa, coisa do arquiteto.
Dizem serem feitas para o homem morar. Mas, por analogia, às tocas, às grutas dos bichos atribui-se também o nome de casa. E, assim, nela moram lobos, ursos e cobras. Não importa de que animal, todas são defendidas com unhas e dentes. Não se toma a casa do outro, nem se aproxima de uma toca de leões ou de uma casa de maribondo. O homem a cerca com muros, chegam até a eletrificá-los, como se fosse uma prisão. Mas, simplesmente para que nela não entrem sem o seu consentimento: “a casa é minha, nela entra quem eu quero”. Não existe maior insulto do que quando alguém diz: “à minha casa, ele não é convidado” ou pior: “eu o expulsei da minha casa”.
A casa representa intimidade. Há culturas que não toleram que a elas acessem estranhos à convivência familiar, sendo seu proprietário como o corpo, e sua casa, a roupa. E, vai a casa se caracterizando com aquele que nela habita, igual à roupa que toma o jeito do corpo. Por ser o maior refúgio do homem, nela, mesmo quando totalmente fechada, goza-se da maior liberdade e onde as pessoas se encontram consigo mesmas, como depois da viagem: “nada melhor do que chegar em casa”. Simboliza a família: “quem casa quer casa”. Mesmo assim, muitas famílias, sem-teto, não têm onde morar, sem casa própria, vivem ao relento enquanto alguns possuem dezenas, centenas, milhares de casas, levando-nos a crer que casa foi construída para outros fins econômicos ou políticos. E não para o homem morar e nela ser feliz. Quando isto acontece, dá-se um fenômeno inverso: a casa da nossa infância, da nossa felicidade habita nossa memória, faz parte da nossa história e, como espaço da nossa vida, mora no nosso coração. É tratada como um da gente: “amo a minha casa”. Quem ainda se lembra dos seus primeiros desenhos há de ter desenhado a mãe, o pai, a casa e o sol.
A casa parece uma coisa simples: quatro paredes separando o teto do chão. Aliás, a casa é uma coisa simples e, quanto mais casa é, mais é simples. Há muitos tipos de casa: quadradas, retangulares, redondas, de várias formas e cores, subterrâneas, aéreas, sobre árvores, marítimas, fluviais ou apenas casas na água. Bem diferentes daquelas das de joão-de-barro, que, instintivamente, ganham um só formato. As nossas são casas feitas pelo homem, quando muito por arquiteto para nelas imprimir utilidade e beleza. Talvez por causa disto, chamem Deus de “arquiteto do universo”. Como Deus é simples, suporta esta e outras comparações, até a de que fomos criados à sua imagem e semelhança, e consente ironicamente simplicidade à casa, coisa do arquiteto.
Dizem serem feitas para o homem morar. Mas, por analogia, às tocas, às grutas dos bichos atribui-se também o nome de casa. E, assim, nela moram lobos, ursos e cobras. Não importa de que animal, todas são defendidas com unhas e dentes. Não se toma a casa do outro, nem se aproxima de uma toca de leões ou de uma casa de maribondo. O homem a cerca com muros, chegam até a eletrificá-los, como se fosse uma prisão. Mas, simplesmente para que nela não entrem sem o seu consentimento: “a casa é minha, nela entra quem eu quero”. Não existe maior insulto do que quando alguém diz: “à minha casa, ele não é convidado” ou pior: “eu o expulsei da minha casa”.
A casa representa intimidade. Há culturas que não toleram que a elas acessem estranhos à convivência familiar, sendo seu proprietário como o corpo, e sua casa, a roupa. E, vai a casa se caracterizando com aquele que nela habita, igual à roupa que toma o jeito do corpo. Por ser o maior refúgio do homem, nela, mesmo quando totalmente fechada, goza-se da maior liberdade e onde as pessoas se encontram consigo mesmas, como depois da viagem: “nada melhor do que chegar em casa”. Simboliza a família: “quem casa quer casa”. Mesmo assim, muitas famílias, sem-teto, não têm onde morar, sem casa própria, vivem ao relento enquanto alguns possuem dezenas, centenas, milhares de casas, levando-nos a crer que casa foi construída para outros fins econômicos ou políticos. E não para o homem morar e nela ser feliz. Quando isto acontece, dá-se um fenômeno inverso: a casa da nossa infância, da nossa felicidade habita nossa memória, faz parte da nossa história e, como espaço da nossa vida, mora no nosso coração. É tratada como um da gente: “amo a minha casa”. Quem ainda se lembra dos seus primeiros desenhos há de ter desenhado a mãe, o pai, a casa e o sol.