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                 A ARTE DE ADMINISTRAR DIFERENÇAS.
 
           O casamento, como já disse um escritor, é um milagre que nem o Vaticano consegue explicar, principalmente quando casais convivem juntos por longos anos. Outro escritor já disse que é impossível tornar uno, o que é diferente por essência, referindo-se ao homem e a mulher num relacionamento.
           Minha experiência diz que casamento é a arte de administrar diferenças, às vezes inconciliáveis. Não trazemos para a convivência a dois, um pote de acertos lindamente embalado, trazemos só expectativas e essas podem ou não concretizar-se. Trazemos visões de mundo diferentes também.
           E nessa questão de tornar uno o que essencialmente diferente, reside o grande desafio da convivência. A partir do momento em que um dos parceiros abdica de sua individualidade e joga no outro toda a responsabilidade pelo ser feliz, o casamento começa a fazer água. E nos relacionamentos vampirescos, em que um deseja que o outro pense e aja exatamente igual a si, é a prisão psicológica , é a morte do casamento.
         Acredito que seria muito inteligente se aprendêssemos a respeitar as diferenças. Seria mais fácil ser feliz. Mas isso, só  se aprende com o tempo, com o manual de sobrevivência escrito pela vida, a duras penas.