O Batizado
Laila, filha, Neta e bisneta única dos dois lados, criada com todos os mimos possíveis e imagináveis, estava fazendo sete aninhos.
- Alô, vovó, você já chegou da fazenda? Hoje é o meu aniversário, sabia?
- Sei, queridinha e trouxe um presente lindo para você.
- Não é boneca, né vó? Já tenho um montão! E nem bichinho de mentira!
- Não é nada disso, meu amor. Você vai a-mar.
A festa estava superanimada. O som, na maior altura e a meninada se divertia dançando no salão de festas, pulando no Pula-pula, comendo pipoca, algodão doce, enquanto não cantavam os parabéns.
A avó da aniversariante chegou com o tão esperado presente.
- Ai, vó, que gracinha! É cachorrinho ou cachorrinha?
- É uma cachorrinha, meu doce.
- Como é o nome dela?
- Não sei. Você é que vai escolher.
- Ah, não! Escolhe você, vovó!
- Tive uma idéia. Vamos batizá-la de mentirinha e colocar-lhe um nome.
- Que legal! Vou avisar logo à galera para ir lá em casa, sábado que vem.
E assim foi feito. As crianças iam chegando para o “ batizado” e recebiam um papel e um lápis para escreverem um nome para a cadelinha.
- Vovó, estou doida para comer os docinhos e minha “comadre” não chega!
- Calma, filhinha, Renata já deve estar chegando. Vamos abrir os papeizinhos e ver qual o nome que a sua turminha escolheu?
- Tem dois com Joli. - disse um convidado.
- Então o nomezinho dela será este.
Nisso, alguém gritou:
- Gente, a “madrinha” da cadela está chegando!
Todos correram para a varanda, no décimo nono andar.
Joli, no colo de sua “mãe”, com dois lacinhos vermelhos nas orelhas, parecia entender tudo. Superalegre, balançava o rabinho e latia sem parar.
- Cuidado com elazinha, Laila. Segure com força. É muito alto, querida.
- Pode deixar, vó! Tô segurando, né minha fofinha?
Foi acabar de falar e o esfuziante animalzinho deu um pinote para frente e voou igual um passarinho branco. A garotada exclamou:
- Óóóóóóóóóóóóóóóóóhhh...
Renatinha levou o maior susto de sua vida. Sua “afilhada” caiu mortinha da Silva, bem nos seus pés.
Anna Célia Dias Curtinhas