Três Quartos de Saudade

De fato, é fato, que não há tempo pré-determinado para que a saudade me encha da sua ausente presença. Por muitos dias compartilhamos a recíproca saudade e, quando finalmente do encontro em que tínhamos como meta amainá-la, pelo menos parcialmente, surgiu uma saudade maior - pelo menos em mim. Três quartos do dia já se foram e eu me encontro querendo mais do que anteontem a sua presença aqui. Sua tez pálida, seus lábios rosados, seus dentes em perfeito alinhamento, essa combinação perfeita de vestimenta-pessoa que fez meus olhos se transformarem em faróis ao cairem sobre você e nosso emaranhamento das falanges e falangetas trocando calor, carícias, sentimentos e descobertas, nos unificando em mútua e silenciosa harmonia enquanto coelhos brancos de olhos vermelhos são empalhados e as lâminas helicoidais do escorpião de aço trituram as vísceras da traição. Ah, saudade, saudades, saudade, saudades... Quando, novamente?

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 13/10/2010
Reeditado em 13/10/2010
Código do texto: T2554662
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