CRÔNICA dos Parabéns!
É questão de costume. Os velhos já estão do que acostumados e até mesmo esquecem. As crianças, ainda se embrulham na surpresa como a embalagem dos presentes. Eu? Nem velho, nem criança – mas uma mente que muitos dizem já ser velha, e eu sempre a me sentir criança – já acostumei... Fazer aniversário é comum.
A modéstia é algo que nas horas necessárias foge de mim como água entre os dedos, por isso, neste momento, posso dizer que sou um ótimo aniversariante. Faça chuva ou sol, esteja onde eu e quem amo estiver (pois em aniversários, nada melhor a saúde do que estar com quem se ama), eu faço aniversário. É fascinante, como isso não mede clima, lugares ou forças para acontecer, quando vejo, estou fazendo aniversário! E fazer o que então?
Outro fator assustador são as exatidões que meu aniversário costuma ter. Incondicionalmente, sempre é no mesmo dia. E a hora... Sempre começa a meia noite do dia 13 e acaba a meia noite do dia 14. No Brasil sempre é feriado antes do meu aniversário (desconfio seriamente, que o feriado, além de dia da criança, e dia em homenagem a padroeira do Brasil, também seja pela causa de meu aniversário, no entanto, para não dar muito na vista, colocam o feriado de meu aniversário juntamente destas outras datas, um dia antes do dia “D” – mas é apenas uma hipótese, nunca consegui confirmar). Passo exatamente o mesmo tempo sem fazer aniversários, e é tempo bocado. Vejam bem: estou há 365 dias sem fazer aniversário, e depois que ele passar, passarei mais 365 até o próximo (isto, salvo loucos anos de calendário).
E falando em anos, sei que parece absurdo, mas acreditem: todo ano faço aniversário. Todos, todinhos, desde que nasci, todo ano tem um, e apenas um... Não sei porque a mesquinharia (deve ter a ver com a idade), mas é apenas um e pronto... Lá tenho que esperar mais trezentos e poucos dias para o próximo. E nesta matemática fascinante, ainda posso citar um último fator: a idade. Não sei quem cuida deste departamento de aniversários, mas quem conhecer dê o recado, que não me incomodo se fizesse a mesma idade todos os anos. Não me importaria nem um pouco de ser um idoso fazendo 16 anos. No entanto sempre é um ano a mais, e assim sucessivamente. Até obviamente parar de somar a idade, o que significa parar de fazer aniversários – o que acontece vocês sabem porquê... Ah! Outra reclamação a este departamento que cuida dos aniversários é a questão do “último aniversário”: todo mundo deveria saber quando for seu último aniversário, assim poderia comemorar, ou tentar ser o mais feliz possível, ou fazer o que lá bem entendesse pra se sentir bem! Mas também se soubesse, que graça terá a falta de espontaneidade das coisas? E surpresa, está altamente ligada a aniversário – mesmo que o último!
Existe alguma regra para começar ou terminar um dia de aniversário? Até hoje, apesar de diversas oportunidades adversas eu sempre comecei acordando... Nem sempre terminei o dia indo dormir. Alguns fazem festa, outros preferem um jantar informal, eu geralmente como pizza e sigo um ritual: minha mãe tem de fazer uma nega maluca ( de todos os bolos, com tantos cremes e recheios e coisas estranhas, é este simples que prefiro) É só isso, mas todos os anos, a “nega maluca” feita por minha mãe.
Nunca tive muitas festas, mas ainda sonho com o dia que poderei fazer uma festa, nem precisa ser grande, mas no estilo “anos 80”, principalmente com as pessoas que goto e com música da época, devido ao meu fanatismo pela década e pelo fenômeno Cyndi Lauper. Qualquer aniversário por aí, esse dia chega. Mas já partindo para esta questão de festa, uma incógnita paira nas mentes aniversariantes sempre: o que fazer na hora do “parabéns a você”? Pra começar que já cantamos com a letra errada, mas isso é um fator geral, e digo da pessoa para quem está sendo cantado o “parabéns”. Existe alguma regra do que ela deve fazer, para que ela deve olhar? Porque todos estão olhando para ela! Deve cantar junto, e bater palmas também? Permanece e mistério... E outro que não quer calar: Porque o bolo de aniversário, “atração principal” do Buffet, é o menos atacado?
Tem gente que ganha folga, tem gente que planeja todo um dia. Tem gente que faz nada. Eu vi a previsão do tempo para o dia do meu aniversário, nem sei o porquê, e coincidentemente li uma mensagem sobre idade.
Existem as datas especiais segundo a comum sociedade: como 100 anos, 1 aninho, 15 para a mulher, 18 para ambos os sexos, depois 21... E os 40 e 50 também devem ser inesquecíveis. E reza a lenda que quando criança comemoramos, depois de adultos, nem queremos que chegue, com medo de envelhecer. COMEMORE! A gente tem tanta tristeza, tanto motivo pra chorar, que aniversário é um refúgio, pra em conjunto, ter alegria, festar, falar alto (beber), desejar coisas boas e sinceras a alguém, doar um gostoso abraço. Faça do aniversário (mesmo que não seja o seu) uma data de oportunidades (e sem visar exclusivamente o materialismo). Oportunidade de crescer, amadurecer... E falar bobagens e tomar uns tragos, e fazer piadinhas de idade, pois isso faz um bem danado!
Não adianta perguntar, nem aconselhar, não adianta nem ficar pensando muito. Aniversário é uma destas coisas incompreensíveis da natureza, que deve se deixar chegar, aceitar e aproveitar! E vamos apagar logo as velinhas de uma vez, pois de momento não há o que mais dizer, apenas finalizar com “PARABÉNS, FELIZ ANIVERSÁRIO”.
Douglas Tedesco – 12.10.2010