DOR SEM NOME

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Jamais nesta vida e, possivelmente, na outra, me cansarei de louvar o poeta Gonçalves Dias. De poesia genuinamente brasileira, foi ele o nosso primeiro e jamais excedido poeta. Digo jamais excedido porque falo de um poeta comum e não de um ser especial de uma personalidade fora do comum. De um poeta falando a linguagem do homem comum e escrevendo sobre uma realidade comum a todos; e não sobre uma realidade ou irrealidade tão extraordinária que somente o “ser iluminado” teria acesso.

Não é novidade nenhuma, mas não lhe custará nada rememorar que quando Gonçalves Dias viajou para Portugal, acompanhava-lhe seu pai. O poeta buscava instrução e seu pai a saúde. Pouco depois de ali terem chegado, morreu-lhe o pai, que já saíra do Brasil muito doente. Com quatorze anos, achou-se Gonçalves Dias só, em terra estranha. Esta circunstância, agravada pela distância da pátria e da mãe, aumentou-lhe a natural dor da perda do pai. No belíssimo poema autobiográfico “Saudades”, que dedicou à irmã, do qual transcrevo um fragmento, podemos ter uma idéia dessa dor que não tem nome:

De quando sobre as bordas de um sepulcro

Anseia um filho, e nas feições queridas

Dum pai, dum conselheiro, dum amigo

O selo eterno vai gravando a morte!

Escutei suas últimas palavras,

Repassado de dor! — Junto ao seu leito,

De joelhos, em lágrimas banhado

Recebi os seus últimos suspiros.

E a luz funérea e triste que lançaram

Seus olhos turvos, ao partir da vida

De pálido clarão cobriu meu rosto

No meu amargo pranto refletido

O cansado porvir¹ que me aguardava! ®Sérgio.

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1 - o tempo que está por vir, por acontecer; futuro.

Se você encontrar erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 11/10/2010
Reeditado em 31/05/2013
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