Recomeço

Chovia. Passava de onze da noite. Estrada escura e desconhecida. Nas mãos um mapa impresso poucas horas antes. No peito, um coração sobressaltado.

Um dia antes, um telefonema. Quase não havia mais esperança de que a história que começara tão bonita pudesse ganhar contornos de final feliz. Um convite que parecia brincadeira. Era sério, e lindo.

Na estrada, o pensamento era fixo. Mesmo que seja apenas por um dia, tudo vale a pena - minha alma está engrandecida pelo sentimento. A solidão daqueles quilômetros e o medo das curvas estavam abafados pelo torpor de querer chegar.

Chovia. No entroncamento da cidade nunca visitada, os paralelepípedos aumentavam o tremor das mãos. O convite poderia ter sido mal entendido. Seria apenas uma forma de querer uma companhia de trabalho?

Chovia. No pé da ladeira, um arco. Luz fraca e amarela dando um brilho especial às pedras do chão. Tudo que se ouvia era a música do carro e o motor. E um coração que não controlava mais suas batidas.

Chovia. Vê-se o sinal de outro farol se aproximar. Ele para. Salta. Caminha. Abraça. E beija. O abraço e o beijo, longos e sinceros, são envolvidos pela chuva da noite quente. "Eu não aguentava mais de saudade de você". Na noite sem máscaras, o fim da estrada foi apenas o começo.