Que show. QUE SHOW!!! PQP QUE PUTA SHOW!!!

AVISO: este texto contém material não aconselhável aos ouvintes de pagode, sertanejo e samba. Ele só é compreensível pelos Rushianos e alguns poucos roqueiros ecléticos e só. Não insista se você não se sentir absorto pela magia do Trio de Toronto. Os segredos não estão escondidos, apenas mimetizados.


           Saímos cedo, pelo menos parecia ser. Éramos cinco, um Pentagrama (2112)  sobre rodas. Passamos a semana inteira só pensando no encontro com eles, em pleno gramado, onde outros gênios já haviam passado. Não era um trio qualquer, muito menos os atacantes de um time de futebol. Eles vieram do norte, bem ao norte, da terra da folha de Maple, do vermelho paixão e do alvo pacificador. Eles vieram de Toronto, onde o código YYZ, do aeroporto dessa cidade nos deixa boquiabertos. 

           Tudo se parecia com Novembro de 2002, o trânsito, sexta feira, que felizmente não era 13 mas lembrava uma Caça as Bruxas (Witch Hunt). O 13 de exatos 08 anos atrás agora não brilha tanto, afinal a verdadeira natureza da agremiação ditatorial e anacrônica hoje no poder, perde a poucos metros da chegada, talvez pela petulância de ter dito aos quatro ventos que nem Jesus Cristo os tirariam a vitória.

          "Mudanças não são permanentes, mas mudar o é" (TOM SAWYER)!!! Pois bem, tínhamos que mudar nosso percurso. Uma hora parados. Muitas vezes para chegar ao Templo de Sirinx se faz necessário dar vários passos para trás. Foi difícil, mas era melhor tentar chegar as 21:12 (2112) que ficar Parado no Tempo (TIME STAND STILL). Estava eu ao volante, num bólido preto, que infelizmente não era um Barchetta Vermelho (RED BARCHETTA), nem muito menos uma Escada de Jacó (JACCOB'S LADDER) que nos levaria ao céu em poucas horas.

           O caminho foi mais longo, porém o Livre Arbítrio (FREE WILL), nos livrou de um stress maior, e chegamos a tempo, afinal "Time Stand Still" (O tempo não pára). Apostamos, Jogamos Os Dados (ROLL THE BONES), e ganhamos, sendo que muitas vezes o Ganhador Não Leva Nada (ROLL THE BONES).

           Chegando ao Templo, podia-se sentir a Egrégora formada pelo espírito de cada Rushiano, de cada ser que atravessou um país para se juntar a essa Liturgia Musical, a uma experiência sensitiva e coletiva. O frio persistia, mas todos tinham um sorriso no rosto, uma luz que emergia de cada ser iluminando todo o Templo e aquecendo nossa espera.  

          Seria uma Heresia (Heresy) não participar de tal congregação. A Máquina do Tempo (TIME MACHINE) começava a funcionar. A cada badalada, o prenúncio de um Hino (Anthem) se tornava cada vez mais forte. Eu procurei meu caminho (Finding my way) e sentia que Beberia do Leite do Paraíso (XANADU).

          21:30 e as luzes se apagam. Uma escuridão invadida por celulares que tentam captar imagens, sons, qualquer coisa que nos conecte na mesma frequencia. As primeiras imagens surgem dos três pontos iluminados nos imensos quadros que se moviam a nossa frente (MOVING PICTURES).  O Espirito do Radio (Spirit of Radio) inicia a liturgia que nos abraçaria com sua energia e calor. Cada um era um e todos éramos o espírito de Geddy, Lifeson e Peart. Uma comunhão temporária dentro da eternidade que aquele momento cunhava em nossa alma. 

          Tudo era perfeição. Cada momento se sobrepunha ao anterior sem tirar-lhe a magnetude. A cada nova composição, uma surpresa já esperada. Mil vezes não bastariam para preencher nosso espírito com tamanha competência e exatidão. A fluência sem improviso, o improviso fluindo numa brincadeira de criança. Eles se divertiram e nós com eles. Um Trabalhador (Working Man) em ritmo de Reggae nos brinda com un Gran Finale.

         Geddy nos agradeceu por estarmos lá. Nós agradecemos a Deus por ter colocado entre nós tamanha competência, dedicação e principalmente alma.

          Obrigado Geddy, Lifeson e Peart.