Atônito
Joel não mora mais aqui.
Deixou o barraco com resíduos de saudade.
O peito nu, a nudez da fome, a incongruência do mundo.
Uma espiga de milho espreita pela janela do ônibus...
Jogar a maldade, guardar o restolho...
Lá vai ele, buscando seu destino, no frêmito da estrada asfaltada.
Falta a mulher, falta água; pão murcho , como os peitos da Rosinha.
A vida, o leite derramado.
Volta , estrada, coragem.
Sábado de sertão, mijão, porcalhão.
Nos braços, o raquitismo do Zezinho...
Pé no chão para alcançar a cidade.
As horas vencem a esperança nati morta...
GARDÊNIA SP 10/10/2010