Atônito

Joel não mora mais aqui.

Deixou o barraco com resíduos de saudade.

O peito nu, a nudez da fome, a incongruência do mundo.

Uma espiga de milho espreita pela janela do ônibus...

Jogar a maldade, guardar o restolho...

Lá vai ele, buscando seu destino, no frêmito da estrada asfaltada.

Falta a mulher, falta água; pão murcho , como os peitos da Rosinha.

A vida, o leite derramado.

Volta , estrada, coragem.

Sábado de sertão, mijão, porcalhão.

Nos braços, o raquitismo do Zezinho...

Pé no chão para alcançar a cidade.

As horas vencem a esperança nati morta...

GARDÊNIA SP 10/10/2010

Gardênia
Enviado por Gardênia em 10/10/2010
Reeditado em 03/01/2021
Código do texto: T2549106
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