O EQUILÍBRIO NA VIDA
Particularmente, eu sou consciente de que a vida é feita de forças antagônicas que se digladiam, incessantemente, para dar o devido equilíbrio a tudo que fazemos nela. É assim com todos os elementos da natureza; basta apenas observar: cada coisa depende, para sobreviver, de outra coisa que é, absolutamente, díspar dela.
Isso é regra geral. No universo, todas as forças se empurram ao mesmo tempo em que se repelem (talvez o modelo mais claro disso seja a terceira Lei de Newton – para toda ação implica uma reação da mesma intensidade).
Essa semana que passou, eu caminhava pelo centro da cidade, em direção a uma agência bancária, e ia tão compenetrado em meus pensamentos que acabei na materialidade de alguns deles (aí entra o equilíbrio, pois até para se ter a materialidade é necessário que se possua, por outro lado, a percepção, a excitabilidade e a captação), deixando-me levar pelo automatismo físico, previamente programado, só freado a partir do momento em que cheguei ao meu destino.
No interior do estabelecimento bancário, enquanto caminhava, a passos lentos, na fila que levava aos caixas eletrônicos, eu passei a refletir sobre esse equilíbrio, a começar por nós. E fiquei espantado como essas forças atuam, sem que nós percebamos, principalmente, em nossas vidas.
É claro que as primeiras coisas que procurei foram a felicidade e o seu oposto – a tristeza. E fiquei pensando: se não houvesse a tristeza, haveria a felicidade? E se eu digo “estou feliz” – emoção – é a mesma coisa de dizer “sou feliz” – bem-estar? E a alegria e o prazer são, filosoficamente, a melhor expressão de felicidade?
Lembrei-me, então, de uma amiga que, certa vez, me perguntou se amar uma pessoa era a mesma coisa de ser feliz. E, na época, eu havia lhe dito que ela podia amar e não ser feliz, pois a felicidade independia de estar ou não amando, já que o amor (no caso específico dela) era um sentimento ardente de uma pessoa por outra – incluindo a atração física –, que podia, ou não, ser correspondido, ocasionando – no caso de não ser – uma infelicidade à pessoa que estava apaixonada.
Entretanto, da mesma forma que poderia não ser correspondida, em ela sendo, mesmo assim, ainda haveria outros fatores para determinar a junção amor e felicidade num só estado de espírito. Quando se ama e se atrela sentimentos nocivos a esse amor, do tipo: ciúme ou dominação, a tendência é ir, aos poucos, tornando o amor infeliz.
A fila continuava a andar e eu continuei a me permitir fazer comparações entre as várias emoções ou os diferentes sentimentos que experimentamos no nosso dia a dia. Pensei, por exemplo: o mal que nos persegue teria sentido – ou esse nome – se aquilo que chamamos de bem não fosse uma designação de boa qualidade atribuída às ações e obras do ser humano? E se fosse o inverso, como chamaríamos aquilo que é nocivo ou nos prejudica?
Os burburinhos de quem estava à minha frente e, também, atrás, tiraram-me das minhas analogias, devolvendo-me ao ambiente físico no qual eu me encontrava. Algumas pessoas gesticulavam reclamando da demora e dos poucos caixas – com cédulas – à disposição dos clientes. Vi, ali, mais um equilíbrio do nosso cotidiano: ao mesmo tempo em que aquelas pessoas estavam eufóricas (bem-estar) para receberem os seus dividendos (pensões, aposentadorias, salários), elas já começavam, inconscientemente, a se irritar, pondo na demora da fila, as suas ansiedades, porque sabiam que, dali a pouco, teriam que pagar – com o que estavam recebendo –, a conta da luz, da água, do supermercado... Enfim, a sensação momentânea de bem-estar iria se transformar, rapidamente, na de disforia, alternando, assim, esse equilíbrio, com certeza, perdurando por todo o longo ciclo mensal.
Mas, se tudo em nossa vida é pautado pelo inverso do outro, ou seja, a felicidade e a tristeza, o bem e o mal, o bom e o ruim estão sempre um atrelado ao outro, o que fazer, então, para tornar a nossa vida – que é, invariavelmente, cheia de altos e baixos – uma vida sem o sentimento de conformismo, tão comum naqueles que aceitam a vida de forma negativa, sem perspectiva de mudança?
É claro e evidente que não existe uma receita pronta, já que somos diferentes uns dos outros. Mas, eu me lembrei de um artigo de Bryan Dyson, ex-presidente da Coca-cola, que fala sobre essa questão e começa dizendo assim:
"Imagine a vida como um jogo, no qual você faz malabarismo com cinco bolas que são lançadas no ar... Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito. O trabalho é a única bola de borracha. Se cair, bate no chão e pula para cima. Mas, as quatro outras são de vidro. Se caírem no chão, quebrarão e ficarão permanentemente danificadas. Entendam isso e assim conseguirão o equilíbrio na vida".
Finalmente, a minha vez de sacar os meus dividendos. Contemplei, pelo saldo, o valor à minha disposição. Sorri, alegremente. Em seguida, comecei a debitar, pelos códigos de barra – uma por uma –, as contas do mês. No final, ao olhar o saldo que ficou, o sorriso desapareceu imediatamente e, em seu lugar, surgiu uma ruga de preocupação, e com ela, uma mudança repentina de humor. Notei que ainda faltava pagar colégio do filho, aluguel do apartamento, seguro do carro, prestação da...
Particularmente, eu sou consciente de que a vida é feita de forças antagônicas que se digladiam, incessantemente, para dar o devido equilíbrio a tudo que fazemos nela. É assim com todos os elementos da natureza; basta apenas observar: cada coisa depende, para sobreviver, de outra coisa que é, absolutamente, díspar dela.
Isso é regra geral. No universo, todas as forças se empurram ao mesmo tempo em que se repelem (talvez o modelo mais claro disso seja a terceira Lei de Newton – para toda ação implica uma reação da mesma intensidade).
Essa semana que passou, eu caminhava pelo centro da cidade, em direção a uma agência bancária, e ia tão compenetrado em meus pensamentos que acabei na materialidade de alguns deles (aí entra o equilíbrio, pois até para se ter a materialidade é necessário que se possua, por outro lado, a percepção, a excitabilidade e a captação), deixando-me levar pelo automatismo físico, previamente programado, só freado a partir do momento em que cheguei ao meu destino.
No interior do estabelecimento bancário, enquanto caminhava, a passos lentos, na fila que levava aos caixas eletrônicos, eu passei a refletir sobre esse equilíbrio, a começar por nós. E fiquei espantado como essas forças atuam, sem que nós percebamos, principalmente, em nossas vidas.
É claro que as primeiras coisas que procurei foram a felicidade e o seu oposto – a tristeza. E fiquei pensando: se não houvesse a tristeza, haveria a felicidade? E se eu digo “estou feliz” – emoção – é a mesma coisa de dizer “sou feliz” – bem-estar? E a alegria e o prazer são, filosoficamente, a melhor expressão de felicidade?
Lembrei-me, então, de uma amiga que, certa vez, me perguntou se amar uma pessoa era a mesma coisa de ser feliz. E, na época, eu havia lhe dito que ela podia amar e não ser feliz, pois a felicidade independia de estar ou não amando, já que o amor (no caso específico dela) era um sentimento ardente de uma pessoa por outra – incluindo a atração física –, que podia, ou não, ser correspondido, ocasionando – no caso de não ser – uma infelicidade à pessoa que estava apaixonada.
Entretanto, da mesma forma que poderia não ser correspondida, em ela sendo, mesmo assim, ainda haveria outros fatores para determinar a junção amor e felicidade num só estado de espírito. Quando se ama e se atrela sentimentos nocivos a esse amor, do tipo: ciúme ou dominação, a tendência é ir, aos poucos, tornando o amor infeliz.
A fila continuava a andar e eu continuei a me permitir fazer comparações entre as várias emoções ou os diferentes sentimentos que experimentamos no nosso dia a dia. Pensei, por exemplo: o mal que nos persegue teria sentido – ou esse nome – se aquilo que chamamos de bem não fosse uma designação de boa qualidade atribuída às ações e obras do ser humano? E se fosse o inverso, como chamaríamos aquilo que é nocivo ou nos prejudica?
Os burburinhos de quem estava à minha frente e, também, atrás, tiraram-me das minhas analogias, devolvendo-me ao ambiente físico no qual eu me encontrava. Algumas pessoas gesticulavam reclamando da demora e dos poucos caixas – com cédulas – à disposição dos clientes. Vi, ali, mais um equilíbrio do nosso cotidiano: ao mesmo tempo em que aquelas pessoas estavam eufóricas (bem-estar) para receberem os seus dividendos (pensões, aposentadorias, salários), elas já começavam, inconscientemente, a se irritar, pondo na demora da fila, as suas ansiedades, porque sabiam que, dali a pouco, teriam que pagar – com o que estavam recebendo –, a conta da luz, da água, do supermercado... Enfim, a sensação momentânea de bem-estar iria se transformar, rapidamente, na de disforia, alternando, assim, esse equilíbrio, com certeza, perdurando por todo o longo ciclo mensal.
Mas, se tudo em nossa vida é pautado pelo inverso do outro, ou seja, a felicidade e a tristeza, o bem e o mal, o bom e o ruim estão sempre um atrelado ao outro, o que fazer, então, para tornar a nossa vida – que é, invariavelmente, cheia de altos e baixos – uma vida sem o sentimento de conformismo, tão comum naqueles que aceitam a vida de forma negativa, sem perspectiva de mudança?
É claro e evidente que não existe uma receita pronta, já que somos diferentes uns dos outros. Mas, eu me lembrei de um artigo de Bryan Dyson, ex-presidente da Coca-cola, que fala sobre essa questão e começa dizendo assim:
"Imagine a vida como um jogo, no qual você faz malabarismo com cinco bolas que são lançadas no ar... Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito. O trabalho é a única bola de borracha. Se cair, bate no chão e pula para cima. Mas, as quatro outras são de vidro. Se caírem no chão, quebrarão e ficarão permanentemente danificadas. Entendam isso e assim conseguirão o equilíbrio na vida".
Finalmente, a minha vez de sacar os meus dividendos. Contemplei, pelo saldo, o valor à minha disposição. Sorri, alegremente. Em seguida, comecei a debitar, pelos códigos de barra – uma por uma –, as contas do mês. No final, ao olhar o saldo que ficou, o sorriso desapareceu imediatamente e, em seu lugar, surgiu uma ruga de preocupação, e com ela, uma mudança repentina de humor. Notei que ainda faltava pagar colégio do filho, aluguel do apartamento, seguro do carro, prestação da...
Obs. Imagem da internet