Blitzes Infelizes
Nos dias de hoje, entre o primeiro e o segundo turnos das eleições de 2010, os arrastões se sucedem, ocorrendo muito próximos uns dos outros. Estabelecendo uma verdadeira síndrome da insegurança entre os que vivem no Rio de Janeiro.
Na verdade, antes do primeiro turno das eleições, os arrastões já vinham acontecendo com frequência. E há os que atribuem a ocorrência à migração dos criminosos das comunidades onde foram implantadas as chamadas UPP’s para outros pontos da cidade.
As UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora) como as UPA’s (Unidades de Pronto Atendimento) são o resultado da ação conjunta dos governos estadual (UPP) e municipal (UPA) no Rio. Do mesmo modo que a chamada Lei Seca (estado) e o Choque de Ordem (município).
No caso da Lei Seca (como também nas ações do Choque de Ordem) ocorrem blitzes nas vias públicas enquanto há 200 metros, por exemplo, podem estar acontecendo falsas blitzes que se transformam em arrastões.
Considero uma insensibilidade de nossos homens públicos insistirem nas blitzes da Lei Seca (ou do Choque de Ordem) enquanto a população se vê constantemente ameaçada pela ação criminosa dos bandidos que infestam a cidade. Acho que as pessoas de bem acabam sendo punidas duas vezes.
Vejo agora a decisão de serem usados helicópteros para inibir ou impedir os arrastões criminosos. Não podemos deixar de aplaudir a iniciativa. Contudo, entendo que no momento atual as ações voltadas para a captura e retirada de circulação de perigosos traficantes tornam-se claramente prioritárias em relação a outras voltadas para a retirada de circulação de veículos com documentação irregular.
Então ou o veículo é retirado das mãos de um homem de bem por assaltantes armados ou por agentes do poder público investidos com essa autoridade. Será que não haveria outra forma de se verificar o pagamento do IPVA ou a validade da vistoria anual que deve ter todo o automóvel? No que corresponde à ingestão de bebidas alcoólicas, nunca é demais lembrar Chicago, nos USA, onde a Lei Seca só serviu para fomentar a atividade dos gangsters, possibilitando o aumento do consumo de drogas e bebidas. Com o favorecimento da corrupção.
Tudo bem que se insistam com as blitzes (não falsas) nas vias públicas. O cidadão que não deve, também nada terá a temer. Mas no momento em que os arrastões acontecem com essa indesejável freqüência, seria muito mais lógico que se impetrassem ações visando inibi-los ou erradicá-los, para que o cidadão se sentisse num ambiente de mais segurança. Até mesmo em relação aos policiais ou agentes do poder público a quem devesse explicações, por força de lei. E não ocorreriam casos como o do juiz do trabalho que foi ferido por policiais, assim como seus familiares, porque recuou com o seu carro e tentou se evadir por ter achado que seria alvo de uma falsa blitz.