Criatividade

Droga, outra aula. O mesmo assunto. Isto já está ficando chato. È melhor me distrair. Isto, distrair! O que será que os outros estão fazendo...? Prestando atenção na aula...

Peraí, tem algo diferente. É, o cara do meu lado está mexendo no celular... que inveja, colorido, moderno... e o meu veio de graça em uma promoção de plano de linha...

Estranho, está anotando um número no celular. Não conheço esse número. O nome... J... E... S... U... S... ahn? Jesus? Ele conhece alguém que se chama Jesus?

Peraí, deixe-me pensar.

O que eu sei de mim? Sou aluno, mas também sou professor, sou escritor, sou filósofo... é, acredito em algo semelhante a Deus, estudo espiritismo... mas não sou religioso. É, normal... mas e o cara do meu lado?

O que eu sei dele...? Geovane... sei que é mais velho que eu, estuda comigo, está sempre conversando comigo... e é muito religioso!

Peraí, então quer dizer que... não... impossível! Se fosse o próprio Jesus, ou um anjo da guarda eu saberia... ou não? Mas anjos não existem... não, existem sim, eu escrevo sobre eles... e se escrevo, pode ser algo da minha mente, e não a verdade...

Pronto.

É isso. É apenas algo da minha mente, nada mais.

Espere, agora é um texto, uma carta. Será que ele está morrendo? Não... não faria em sala de aula uma carta de despedida... mas se eu já fiz isso, porque não ele...? Deve ser uma carta para Deus...

Não, espera, mas D-E-U-S não é igual a J-E-S-U-S, então não é para Deus.

Ah, cansei.Chega.

Não adianta, dentro de uma sala de aula, a criatividade é nula. Vou jogar fora essa lorota que escrevi fora... não vai dar uma boa crônica mesmo...

Deixe-me ler... hum... é...

Há-há-há-há-há-há!!

É incrível como a criatividade nasce de uma mínima fagulha...

Bom, resolvi não jogar fora, e termina-la... e já que começou com uma fantasia, terminemos com a realidade...

Sabe o nome Jesus no celular? O cara do meu lado colocou pra despertar de hora em hora só pra se lembrar dele. É tão comum como a gente se esquece dele...

Ele afirma que toda a transcendência dele está ligada a Jesus, e um dia ele vai encontra-lo...

Quanto a carta, era apenas uma filosofia... e tudo por causa de uma simples frase... “escrevemos porque não conseguimos falar, mas não conseguimos nos calar...”

Há-há-há-há-há-há!!

Criatividade...

Para Geovane, que me mostrou que a transcendência não conhece lugar, hora ou forma, e que a criatividade deve ser livre para todos

Eduardo Setzer Henrique
Enviado por Eduardo Setzer Henrique em 02/10/2006
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