O prazer de ser criança...
       
Águida Hettwer
 
    Ah! Não tem como negar o sabor inigualável na fase da infância. Lembro-me das infantilidades bobas e sadias. Eu, meus irmãos e primos, competíamos pelas propagandas da TV da época e olha que nos contentávamos, em olhar a caixa, onde o mundo ainda era em preto e branco.
 
 Tive uma infância onde à simplicidade, a vida pacata de cidade do interior, o cheiro da terra vermelha, os trigais a perder de vista, permeiam claramente meus pensamentos até hoje. Eu e a Adriane, éramos vizinhas, vivíamos uma na casa da outra, a “irmã de alma que não tive”. Apanhávamos limões para comer com sal, brincávamos de ser a “mulher biônica”, feita a do filme. Perdurávamos-nos em cipós, e no balanço do vento, vivíamos em uma singeleza e beleza ímpar.
 
 Nos finais de semana, atravessávamos a cidade para ir à casa da minha avó Olinda, por lá, os doces, estavam esperando a nossa chegada. E nesse pátio da infância guardo boas recordações, de pessoas que não estão mais entre nós. E dessa simplicidade toda, tenho a minha base de vida, os alicerces fundamentais do que sou.
 
 Não tínhamos tecnologias tão avançadas, nem celulares, internet á disposição, máquinas digitais ou filmadoras, para registrar momentos, como na atualidade. Entretanto a memória registra com tamanha precisão de detalhes. Um tempo, uma época, que não volta mais.
 
 E na ânsia da vida, tínhamos pressa de crescer. - Tolices! É com espírito infantil que se aprende a perdoar com naturalidade, a se “comportar” na promessa de um presente muito almejado, a saborear um sorvete, se lambuzando, sem dar importância, a colecionar bugigangas, que não valem um vintém, e se orgulhar imensamente. Ser fraco e forte, e entre lágrimas pedindo desculpas.
 
 Entretanto, é com as crianças, que aprendemos a não fazer guerras, tendo um coração aberto a mudanças. A dividir e emprestar, extraindo da vida, seus recursos de ser livre, encontrando felicidade nas coisas singelas. De mãos dadas num circulo de companheirismo, cantarolando:
 
“Se esta rua se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Para o meu, para o meu amor passar...”.


Enquanto me achares infantil nas ações. Tenho plena convicção de crescimento.
                                                            09.10.2010