Dubiedade

Prefiro ser assim, perfeita nas minhas próprias imperfeições. Gosto de mim como sou, decidida em meio as minhas indecisões. E mesmo perdida, encontro-me sempre só e acompanhada. E entre delicadeza e timidez, vejo-me rude e atrevida, como um vulcão e um porto seguro.

A morte não me apavora, mas a vida me alivia. E, embora o medo me persiga, quase que constantemente, sou audaciosa em minha própria covardia. Pacífica e justa, também sei ser pulsante e cruel.

E como ser coerente, num mundo de tanta guerra e pouca paz? Não há sentido, por mais que haja significado na insensibilidade dos homens. Profusa e insaciada por amor, procuro e não acho nada. Tudo que posso ver é a cegueira do ódio e da indiferença.

Caminho, nessa vida incerta, para não sei onde, com não sei quem, querendo não sei o que, chegando nalgum lugar. Nas aventuras desse mundo tão previsível, vagueio sem saber bem aonde vou e aonde vai dar tudo isso. E na mente sã de espíritos tão perturbados, sei que não sou nenhuma exceção, apesar disso fazer parte da regra.

Dar-me-ia o céu, mesmo não conquistando o paraíso. E, enquanto o dia parece tão obscuro, a noite brilha na claridade das estrelas. Sou lunática, mas vivo tão próxima a Terra! Sonhadora, talvez, e sempre com os pés no chão. Mas não sou imprecisa. A ambigüidade é característica das almas confusas... Ou não.

pann
Enviado por pann em 02/10/2006
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