Fragmentos clandestinos eternos da memória
Tive o prazer de encontrar uma amiga que há muito não via, Hilda Helena, filha do meu estimado e saudoso colega ferroviário Onecino, exímio cavaquinista, irmã do cantor e compositor itabaianense Hildebrando. Ela participou dos primeiros espetáculos montados pelo Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana (Geti). Foi atriz n’A Peleja de Lampião com o Capeta” e no Auto da Paixão.
Hilda hoje é psicóloga da Prefeitura de São José dos Ramos. Viveu muitos anos em São Paulo e agora retorna, trilhando os caminhos da infância e juventude. Conversando com Hilda, senti que ela carrega consigo a experiência de ter participado do GETI como fragmentos clandestinos eternos da memória. “Foi uma prática de vida muito interessante”, confessa.
Nessa confraria dos antigos componentes do nosso grupo teatral, fundado em 1976, os companheiros comparecem para dar seus depoimentos no documentário “A lista de Irene”, e nessa tarefa fingimos que detemos o tempo e fazemos brotar lembranças nostálgicas que eu mesmo já havia esquecido. Ela recorda que fizemos uma apresentação da Paixão de Cristo no Colégio Nossa Senhora da Conceição, em Itabaiana, para ajudar na construção de uma capelinha no bairro proletário do Açude das Pedras.
Completam-se 35 anos de fundação do GETI, e essa efeméride me conduz a garimpar as personalidades que fizeram parte no início do grupo. Verificamos a necessidade de reunir em um documentário a história daquele coletivo teatral que marcou época em Itabaiana e ainda hoje sobrevive. Qual não foi minha surpresa e alegria ao descobrir mais uma componente, contribuindo com a lembrança de acontecimentos ligados ao grupo que eu mesmo já havia esquecido. Creio que será um documento inestimável sobre a história desse movimento artístico itabaianense, permitindo chegar às novas gerações a visão dos artistas amadores a respeito de nossa realidade cultural, sob o crivo poético da saudade e da concepção de mundo de uma geração de ouro.
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