"Professor finge que ensina, aluno finge que aprende"?
"Oi, professora! Vim te dar um abraço e agradecer por ter me ajudado a chegar até aqui." Foi o que eu ouvi de uma sorridente ex-aluna do Ensino Médio (caloura na UnB - Universidade de Brasília), hoje pela manhã. Música para os ouvidos de quem vibra, e muito, com cada conquista dos alunos. Muitos costumam voltar à escola para nos falar sobre elas e, dentre estes, alguns nos agradecem.
Há alguns minutos atrás, li aqui no Recanto um artigo sobre educação. Nele a autora, acredito que sem a intenção de ofender, citou uma frase que, apesar de ali bem contextualizada, é cruel: "o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende". Ela se referia à precariedade do Ensino na Rede Pública.
O professor não finge que ensina. Ela não é tão bom ator assim. Se o fosse, estaria talvez ganhando a vida no meio artístico. Eu diria, sem demagogia, que uma das maiores realizações do professor é ver o progresso, o desenvolvimento do seu aluno em todas as áreas do conhecimento, especialmente na sua, claro. O professor se empenha para ajudar na formação de pessoas críticas, conscientes, sociáveis e sensatas. E quem acompanha de perto esse processo consegue ver seus bons resultados, apesar de todos os entraves: a omissão de muitos pais (especialmente na orientação sobre princípios básicos de convivência), os poucos recursos, o descaso das autoridades, entre outros.
Legislar em causa própria não é aconselhável, mas é justamente por ser professora numa escola pública (admitida através de concurso público) e conviver com colegas capazes e comprometidos, que não posso me calar diante de expressões como as do título desta crônica.
Que os alunos vejam os professores como seus amigos. Que os pais os vejam como parceiros. Que a sociedade os veja como profissionais dignos de todo o respeito e consideração.