Meu ato
Eu sou apenas uma mulher cotidiana, com chefe, festa de final de ano, coleção de ex-namorados, dívidas de cheque especial. O que me separa do coloquial é o ato de escrever.
Meu ato é místico, pudico, totalmente não moralista. Nos meus textos ludibrio a luxuria ou a boca dele permeando meu corpo, em meus textos liberto o que há em mim mais escondido, os desejos não contatos no pé do ouvido de ninguém. Escrevo como quem libera um gozo, um ato simples e altamente prazeroso.
Meu ato ainda é intimo e suave, afinal será que em letras conseguiras dilacerar a minha alma ou imprimir a minha essência? A quem tem o âmbito de lê-los, sim, estes são sinceros, são partes fragmentadas da minha maior riqueza. São sentimentos fotografados e dilacerados, são copos com o com resquícios do vinho suave, de um Cabernet de qualidade. São o fundo dos olhos meus, a sua cor em alto relevo, letrados, enfáticos.
Meu ato é puro, desprovido de delicadezas, emblemático – semântico, um ato livre, um verso livre, amante, toda página em branco que merece um bom amante, todo querer merece um texto, e no final todo texto apenas merece ser lido