Depressão

O amargo do café não é nada mais do que amargo, mas e quando a apatia impede que o indivíduo torne a se levantar para buscar o açúcar? As paredes do quarto nem são muralhas intransponíveis, todavia as pernas só reclamam a falta de força. A solidão nem é o melhor refúgio, trata-se apenas de um local mais escuro, e mesmo assim é grande a sede por isolamento. Já a mente, essa sim pode ser considerada uma sobrevivente e mesmo assim alterna entre momentos de resistência e completa inércia, mais uma vez apatia! Quem é ela, qual o nome dela? Diga-me alguém porque não a deixamos se nem mesmo estamos apaixonados! Chama-se depressão...Especialista através de suas avaliações a nomeiam de diversos outros modos, distimia quando é crônica e persiste sorrateira por vários anos, depressão maior, depressão atípica... São tantos que até se perde a motivação de conhecer mais sobre a indesejável!

A depressão é uma doença, mas ainda é vista por muitos como apenas um sinônimo de tristeza. Porém, embora corrosiva ainda se faz suave por abandonar o triste mais depressa. Parece-me que a solidão é mais sábia e age como um experiente demônio apresentado-nos sempre à culpa, ao somatório das perdas, aos pensamentos de suicídio... Mostra-nos sempre a pior face da moeda.

Depressão diagnóstica tem cura... Frascos e frascos de comprimidos? Talvez um bom tratamento psicológico. Para alguns sim, já para outros os antidepressivos e os calmantes já não fazem mais efeito. Esses caminham para novas fases, cada vez mais encontram apenas valas maiores para lavar a alma... É o auto flagelo, são os cortes pelo corpo feitos na tentativa de encontrar transferência para as angústias da alma, que de já tão “dopada” nem sabe se sente. Já, nem mesmo reconhece a si com clareza. Será que o tempo torna das pessoas apenas reflexos de suas chagas? Será que a luz no fim do túnel se torna mais distante devido ao abandono pessoal, ou será o abandono pessoal uma característica da nossa sociedade? Sei apenas que é difícil lutar e tomar decisões importantes quando encontramo-nos cansados e confusos. Afinal, de quem é a culpa, nossa, do passado cruel, da genética, dos rumos da humanidade? Não sei, e infelizmente os números apontam para um futuro onde grande parte da população estará deprimida. Caro leito, pergunte-se apenas porque estamos caminhando para isso. Até logo.

Buendia
Enviado por Buendia em 07/10/2010
Reeditado em 07/10/2010
Código do texto: T2543479
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