15: Sciopero!
15: Sciopero!
Comprei um bilhete para o metro e o autocarro para o dia inteiro por quatro euros numa tabacaria da Praça de Veneza, mas só descobri que tinha atirado fora quatro euros quando soube o que significava ‘sciapero.’ Em português sciapero quer dizer greve, e haveria sciapero o dia inteiro. Fui informado.
Só o descobri depois de ter estado a torrar ao sol do fim da manhã mais de duas horas num apeadeiro sem sombra.
Isto é Itália, disse-me o polícia italiano que me informou do sciapero, e isto é Roma, acrescentou, com um sorriso malicioso.
Eu que ando dez, vinte quilómetros a pé na Ribeira Grande, que faço o dobro em bicicleta, com um pé atrás e outro na algibeira, penei os tratos do linho para fazer os dois quilómetros ou menos, segundo me disseram, se eu percebi bem, entre a Praça de Veneza e o Vaticano. Garanto. Palavra de honra.
Vaticano? Vaticano?
Sempre a direito: respondem. Claro que eu traduzo. Estou a escrever enquanto ando. Já deu para notar.
O panamá que comprei no aeroporto de Pedras Rubras, está colado à nuca. A camisa está encharcada em suor. Parece que eu cai dentro da vala da ribeira. Mas, basta eu desviar a mochila por uns minutos e seca logo.
Vaticano? Vaticano? Lontano? Perguntava em italiano macarrão.
No. Dopo il ponte, ancora dritto e poi a sinistra, Vaticano.
Grazie. Retorqui.
Como não sei como isso se escreve perguntei a alguém que me pareceu ser italiano e com cara de ter letras suficientes para me dar a informação certa. Foi o que fiz.
Corrigi. Estava estropiado.
Gozo, entretanto, uma sombrinha. Até que enfim, aqui está o Vaticano.
Agora é só perguntar onde fica a capela Sistina.
Roma, 9 de Julho de 2010
Mário Moura