CRÔNICA #029 - ENFIM A APOSENTADORIA – O DIA SEGUINTE

31 de março de 1994. Foi um dia muito especial para mim. Fui convidado para ir a CEF para receber o meu FGTS. Isso significava que, a partir dali eu era um aposentado. Com apenas 43 anos de idade, estava alcançado essa vitória almejada por todos os trabalhadores. Porque me aposentei assim, tão cedo? Teria sido por invalidez, doença profissional? Não! Foi justamente por tempo de serviço. Comece a trabalhar aos 15 anos de idade. Mas a minha aposentadoria foi do tipo especial,m pois trabalhei numa área de constante risco de vida, sob poluição atmosférica (produtos químicos) e sonora acima de 110 decibéis.

Cheguei em casa, no horário normal, às 17h 30min. Festejamos justos com a família, minha esposa e meus três filhos. Logo de manhã, desci pelo elevador com o Dod, um poodle preto muito camarada. À medida que íamos caminhando pela rua, ele ia escolhendo os postes para marcar seu território. Enquanto caminhávamos, vinha à minha mente aquele sucesso do Shariff Dean:

NO MORE TROUBLES

(Shariff Dean)

(Refrão)

NO MORE TROUBLES, I AM FREE ANYHOW

I'LL FORGET MY SORROWS MY WAY LEADS TO THE SKY.

NO MORE TROUBLES, THE WIDE WORLD IS MINE

I'M LOOKING FOR THE GLOW WHITE SHINING FROM MY STAR

FLYING WHERE THE WIND BLOWS MY MEMORIES AWAY

MOVING ON AGAIN TRY TO FIND YIOU SOMEDAY

(repete o refrão)

GOING OUT TO SEARCH THE SEA OF HONEY AND WINE

MAY BE I'LL FAIL BUT I NEED FRIEND DOWN THE LINE

(repete o refrão)

NO MORE TROUBLES, I DON'T WANT TO STRIKE

I'M LOOKING FOR THE RAINBOW THAT'S CARRYING MY LIGHT

NO MORE TROUBLES, I AM FREE, ANYHOW...

(Ouça esta canção no youtube http://www.youtube.com/watch?v=mRosv3ClIfc )

Voltei para o meu apartamento, crente que realmente estava livre, de qualquer modo, conforme a letra acima. e comecei a descobrir que eu era um estranho em meu próprio lar. Eu só era conhecido das 17h 30min às 5h 30min. Justamente o período que retornava do trabalho e permanecia após meu sono, despertando para mais uma jornada de trabalho. Passara a vida toda trabalhando e só agora dava-me conta de que só conquistara apenas 1/3 de meu espaço em minha própria casa. Resolvi, conquistar aquele tempo que normalmente estaria trabalhando antes de pendurar as chuteiras.

Minha esposa começou a me achar muito chato, pois comecei a dar palpites nas diretrizes do lar, coisas que eu antes não fazia, por estar muito ocupado com o meu trabalho. Queria conduzir a casa como se fosse o meu emprego recém deixado. Mas, aos poucos fui-me adaptando com a situação, ao mesmo tempo que ela se acostumava com a ideia de um “desocupado” em casa, dando palpite em tudo.

Ainda bem que na empresa onde trabalhei, seis meses antes de nos aposentarmos, era oferecido um curso de preparação para a aposentadoria, com acompanhamento psicológico, geriátrico, andrologista, psiquiátrico, assistência social, religioso e empresarial para nos desafiar a termos uma vida saudável após o rompimento trabalhista. Foi durante esse curso que escrevi o meu primeiro soneto publicado aqui no Recanto (MATURA IDADE). Foi de grande valia esse curso que repercute em nossas vidas até hoje.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 07/10/2010
Reeditado em 24/02/2011
Código do texto: T2542150
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