Quem disse que temos escolhas?

Dia destes assisti um curta-metragem, premiado no Festival de Berlim de 2008, chamado A Origem da Vida. No vídeo Deus cria primeiro Adão e a maçã, porém o homem nem sequer vislumbra a possibilidade de comê-la. Insatisfeito, Deus arranca Eva da costela de Adão e os presenteia com o Paraíso, no qual ambos passam a viver em harmonia e felicidade. A maçã continua lá, mas nada de comerem o fruto do pecado! Decidido a expulsar o casal do Paraíso, sabe-se lá por que, Deus surge com uma serpente. A cobrinha retira uma maçã da árvore e faz com que a pobre mulher caia, literalmente, de boca no fruto proibido. Tendo cumprido seu plano e com o casal devidamente consciente de suas vergonhas, o Criador abandona os dois a própria sorte e parte, realizado, para outro planeta.

Ótimo trabalho de animação! Porém quem me conhece sabe como sou questionador. O vídeo mostra as coisas exatamente como vejo em relação ao que se lê na Bíblia. Não há um livre arbítrio real! Tudo é muito improvável e manipulado. Não se trata de ter escolhas, mas de fazer parte de um plano muito cruel de quem nos criou. Seremos apenas fantoches nas mãos Dele? Por que raios criar a maça? E a serpente? Quem a fez? Avancemos um pouco no tempo... Será que Judas teve escolha? E aqueles que participaram da crucificação do Cristo? Se, parece estar aí o absurdo de tudo, tudo estava planejado desde a criação?! O Messias não abriu a boca para se defender diante de Pilatos, não quis fazer um milagre, não preparou um sermão. Nada que pudesse interferir nos desígnios de seu Pai. Na Bíblia há um monte de histórias assim, absurdas.

Deus se zanga com um e ordena a extinção de todo um povo. Teria sido Ele pego de surpresa? Somos capazes de surpreender e tirar o humor do Criador? Não vejo como isto seria possível. Penso em Deus como algo muito maior do que se apresenta na Bíblia e, ainda sim, vejo como é pequena a minha fé. Imagine que você tem uma criação de formigas. Você prepara um cercado para abrigá-las; coloca alimento, água, beleza, diversão. Daí para frente sua ocupação passa a ser observar sua criação. Que programão! Percebe que nem todas elas preferem o alimento que você escolheu... manda pro inferno! Vê que algumas tentam fugir do cercado... inferno nelas! Algumas delas passam a se comportar como elefantes... de jeito nenhum! Você elege uma equipe especial de formigas para dizimar as demais... mata tudo! Ficam só as que você elegeu. Passa o tempo, muito tempo, e a farra recomeça. Você,como criador, fica irado! Taca água no formigueiro!!! Nunca imaginou que formigas pudessem ser assim tão surpreendentes. Antes, porém, escolhe algumas para um novo formigueiro. O FORMIGUEIRO ESCOLHIDO. Passa o tempo e recomeça a farra! Pega o único filho, poderoso como você, e transforma em formiga. Tudo muito possível, lógico e coerente. Matam cruelmente seu filho, que promete um dia voltar para premiar as formigas que se comportaram melhor.

Seria muita presunção imaginar que estou para Deus assim como estão as formigas para o criador do exemplo acima. A proporção é muito maior... tende a infinito. De forma que não vejo, realmente não acredito, que eu possa influir no estado de espírito de Deus por meio de uma atitude minha. Não creio em inferno, apenas em conseqüências de nossas escolhas. Não acho provável que seja possível irar nosso Criador, não acredito em castigos, não acho que Ele vá se entristecer se eu não pagar a conta de luz.

Pense num pai que fala para seu filho: “Filhão que eu amo infinitamente... Você tem várias escolhas, mas só uma é boa. As outras, TODAS FUI EU QUE CRIEI, te farão morrer para sempre no fogo eterno. Agora pode escolher!”. Isto seria o mesmo que não ter escolhas. Incoerente, não?

Mário R. A. Lima

Links para o vídeo:

http://br.video.yahoo.com/watch/4283372/11509273

http://www.youtube.com/watch?v=2_K1RypCEzA

Mário Lima
Enviado por Mário Lima em 06/10/2010
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