Nossa Cirandinha... (Homenagem às crianças do Brasil)
Ser criança é buscar as coisas e ver que elas existem. Enxergar que o mundo é feito para nós. Essas meigas criaturas chegam como flechas que se prendem; que se juntam; que se apegam como brisa da manhã que venta nos cabelos e ofusca nossos olhos. São sensações vibrantes que se ressaltam, que se volvem; que se multiplicam; que saem em disparada e ficamos a seguir com os olhos, pois as pernas não acompanham tanta correria.
Entre tantas perplexidades que o mundo moderno nos reserva, na maioria; coisas que mostram a maldade humana, lá estão esses pequenos seres - adendos dos nossos sonhos - que nos fazem repensar na nossa caminhada, pois são apenas os frutos da nossa árvore genealógica e que precisam ser afastadas dos vícios e das baixezas humanas, para que possam ter futuro para construir um mundo mais solidário e menos hipócrita do que esse que presenciamos na atualidade.
Ah, como é linda essa vida de menino. Ah, como é graciosa essa vida de menina. Ambos com sorrisos cristalinos, que espalham espontaneidade. Só eles demandam a causa da inocência. Andam por lindos campos floridos onde correm suas almas. Transitam pelos mesmos pagos angelicais, onde a pureza faz levitar pequenas criaturas que expressam tanta ternura! São nossos filhos adorados que nos deixam tão realizados!
Ser criança é viver a vida mais ampla de forma mais simples. É viver os dias com intensidade. É atravessar as noites com teimosia, por não quer ‘pregar’ os olhos, para não perder as luzes de oportunidades, já que o sono se transforma em mero obstáculo. É assim que se vive no versejar da vida; já que ela ensina; já que ela tanto aprende; já que ela tanto tomba; já que ela tanto vibra; já que ela tanto ascende.
A criança é ser de vibração. É o chacoalhar dos nossos dias. É rompimento do silêncio dos adultos, pela interrupção da reunião, pra que nos obrigue a dar-lhe atenção, como tudo fosse algo urgente, para que se possa oferecer algo inconseqüente, que não se pode esperar porque tem de acontecer agora, pois o tempo é sem hora e a hora é sem tempo!Ah, essas crianças de agora, são iguais de outrora. Mas não devem ser igual ao amanhã, porque terão de responder pelo mundo. Isso depende só da gente. Vamos ensinar-lhe disciplina. Vamos fazê-las diferentes dos adultos de hoje, mostrando a importância das pequenas coisas. Vamos mostrar a beleza do cantar do passarinho. Vamos aproveitar que ainda estão em nosso ninho, colocando-as para voar sabedoras de que o espaço é cheio de encruzilhada e que o respeito é como se fosse o ar que respiramos e que dependemos de todos neste mundo (que é a morada) onde vivem os seres que amamos.