O encontro
Como não acontece há anos, como um suspiro apaixonado ou o primeiro trago do dia. Assim, a sensação é simples e memorável, desde ontem tenho a maravilhosa sensação de não pensar em nada. Sabe a alegria do silêncio? Eu não há conhecia. A felicidade era tão plena que cantarolava em pleno supermercado, sorria leve, adolesci de leveza, dormi às nove da noite.
Uma sensibilidade evoluída me invoca para a única verdade: a vida corre independente da minha vontade. Sempre com um dia após o outro e uma noite no meio, independente se esta foi dormida ou não.
E apesar dos pesares, eu não tenho como controlar nada e cansei de viver na sacrificante necessidade de ludibriar como deveria ter sido. É um aprendizado diário, a arte de não esperar, de rezar e agradecer. Entendendo que o universo tem suas maneiras de colocar-te no lugar certo, na hora certa. E no momento exato o sorriso iluminará a noite e a vida recomeça. E acredite não foi um lampejo ou um cometa mágico que me fez clarear. Um caminho de espinhos se deu antes disso. Na estrada perdi coisas importantes que espero resgatar em um futuro breve. Mas depois de lágrimas de sangue, as flores começam a nascer, criam um jardim no meu quarto e o silêncio inicia a cura de minhas feridas mais profundas. Finalmente, começo a achar a calma nas ervas, na mesmo que seja na doçura paga.
Começo com um pé atrás do outro a arte do não controle, calcei novos sapatos, começo a esvaziar as verdades absolutas por esperanças sãs, aguardo de coração aberto o meu encontro meu destino. Lúdico, pode até ser, mas os desejos começam a fazer sentido e viram pequenos milagres. E que seja assim, doce, e que a face cansada e marcada pelas esquinas da vida, rejuvenesça. Mas não troco minha armadura de espinhos por nenhuma face lisa, já dizia Carpinejar e eu não troco minha estrada por nenhum destino, e em plena cinza de uma quarta-feira, amanheço.