6 DE OUTUBRO
Nesse dia exatamente às 00:48 de algum ano do século passado eu nasci.
Por conta das convenções ficou assim estabelecido que seria o dia do meu aniversário e passou a constar em todo e qualquer documento que me identifica como pessoa que existe nesse bairro, cidade, país... Uma data que é parte fundamental do meu comprovante de cidadão do mundo. Sem ela eu não existo.
Engraçado, pensei que para existir bastaria simplesmente a própria existência com o exercício pleno das nossas funções orgânicas. Mas não! Sem datas, números que me identifiquem... Eu não existo. Sem eles sou cidadão de lugar nenhum, invisível a qualquer estatística. Sem a data do meu nascimento, eu não teria documento de identificação. Eu seria um fantasma andando entre a multidão, livre pra ser tudo ou nada. Isenta de qualquer punição ou recompensa.
Partindo desse princípio, 6 de outubro talvez tenha sido o meu primeiro dia de cativeiro.
Deixando de lado as reflexões existencialistas, vou me preparar com otimismo pra esse dia que dizem ser o meu. Porém, convém lembrar que meu dia são todos eles ou nenhum. depende do ponto de vista.