OS PERIGOS DESTA VIDA

“A experiência do auto-descobrimento faculta à criatura identificar os limites e as dependências, as aspirações verdadeiras e as falsas, os embustes do ego e as imposturas da ilusão”. atribuído a Joanna de Ângelis

Os valores pessoais neste início do século XXI são formados, principalmente, a partir da síndrome do consumismo exacerbado.
Quem nasceu nos meados do século XX, sabe bem do que estou falando. Eram raríssimos os casos em que se cometia crimes dentro de casa, a não ser os gerados pela traição entre casais ou por ódio produzido a partir de intrigas de longo prazo. No tempo em que a expectativa de vida girava em torno de 60 anos, descendentes cultivavam a paciência à espera que os pais morressem de morte natural para se apossarem dos bens e valores deixados aos herdeiros.
Hoje é bem diferente. Ao se referirem aos mais velhos, que vivem 90 anos ou mais, os filhos e netos demonstram o quanto estão incomodados com a impossibilidade de se beneficiarem logo da herança, que lhes permitirá atingir o objetivo final: consumir milhões de novidades que os atormentam todos os dias a mídia e a necessidade de se afirmarem na sociedade através do que possuem. Ao invés de batalharem um bom emprego, de gastarem suas energias com os estudos, dedicam-se a buscar um meio veloz de se apossarem daquilo que seus ancestrais levaram 40 ou 50 anos para construir. Quando não conseguem sugar indefinidamente o que um dia poderia ser seu por direito naturalmente, vão da ameaça repetida à formação de quadrilha com “lobos ferozes”, que se vestem de inocentes cordeirinhos. Esses muitas vezes se respaldam nas boas referências da sua própria família, e até na fé religiosa em que a maioria dela está inserida, para maquiarem seus currículos vazios de amor, solidariedade e respeito ao próximo, tornando-se isentos de suspeição perante a vítima em potencial. Muitas vezes as portas blindadas se abrem, como por exemplo, no caso da família do Silvio Santos, da família Richthofen ou do casal Vilela. Esses exemplos nos mostram que não se deve brincar com a sorte, que se deve dormir com as portas bem trancadas e que se deve permanecer vigilante. Há variadas possibilidades de repetição. Muitos crimes de morte e sequestros planejados ocorrem assim e são resultantes de relações estabelecidas entre pessoas de gerações diferentes, poder aquisitivo ou nível de instrução também diferentes. A relação que nasce desequilibrada há de merecer atenção redobrada. Há também o medo da solidão que atormenta muitos idosos, presas fáceis de jovens inescrupulosos, que arrancam-lhes promessas e dinheiro através da diferença de velocidade de raciocínio e do método da chantagem emocional.
Há ainda os falsos bajuladores que envolvem várias pessoas da família em suas tramas, depois de algum tempo de convivência e percepção dos pontos fracos individuais e coletivo. Tornam-se os donos da informação, mais do que os próprios membros da comunidade original. Dominam o cenário e controlam tudo e todos, de forma sutil. Passam a impressão que dedicam a cada um em particular um amor ou carinho especial, único. As vítimas mais imaturas, vulneráveis e vaidosas creem que são premiados e se calam sobre certos comportamentos incoerentes e suspeitos e sobre certas escorregadelas nas palavras e atitudes dessa pessoa, e tendem a minimizar os fatos. Fazem isto porque não aceitam perder o que consideram possuir de melhor ou de mais importante na vida. E por falar em vida, proteger a nossa é, de fato, uma tarefa difícil nos dias atuais, porque os perigos estão em toda a parte, desde o momento em que caímos no sono profundo até a possibilidade de desintegração causada pelo choque de um outro corpo celeste com nosso planeta, passando pelo desrespeito aos demais elementos da natureza sobre a terra.
“São demais os perigos desta vida” , escreveram e cantaram Vinicius de Morais e Toquinho.

05/10/2010
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 06/10/2010
Reeditado em 06/10/2010
Código do texto: T2540207
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