TALVEZ

Talvez me falte talento para escrever

Talvez a falta de talento seja para ler

E o pior, talvez seja falta de talento para viver

Talvez eu não seja bom como pensava nem mal como os outros pensavam

Talvez sejam apenas pensamentos desordenados em uma vida organizada ou uma vida desordenada em pensamentos organizados.

Talvez eu devesse calar mais que falar, expressar mais que explicar, viver mais que achar que a vida é apenas uma sequência de dias e noites que se sucedem uma após a outra.

Talvez falte algo que me seja essencial ou sobre algo que não tem a menor importância.

Pode ser que eu seja mesquinho na hora que deveria ser generoso, ou soberbo na hora de ser humilde

Talvez me falte humildade para reconhecer os erros e tentar com eles fazer um novo acerto

Talvez seja isso tudo ou nada disso

Talvez tudo isso seja apenas devaneio, fruto da imaginação, ou uma forma diferente de tentar viver

Talvez esteja na hora de aprender a dizer sim quando deveria dizer não e dizer não quando deveria dizer sim. Ou seria melhor dizer sim quando deveria dizer sim e dizer não quando deveria dizer não? Talvez o oposto seja o sensato e o incoerente seja o correto

Difícil saber. E não dá para parar de viver até decidir se o talvez pode se tornar certeza ou vai ser sempre uma incógnita que ao fim da vida ainda não poderá ser respondida.

Talvez, você me ache louco ao ler esse texto. Talvez me ache sábio. Talvez me ache lúcido demais ou irracional sem medida. Talvez esteja através destas palavras colocando aí na sua cabeça também um monte de perguntas como aquelas que rondam a minha mente a medida que as horas avançam no ponteiro do relógio madrugada adentro.

Talvez a resposta venha em breve ou nunca chegue. No entanto apenas uma coisa é certa. Viver sem esperar que o talvez seja resolvido de uma noite para o dia. Escolher entre viver o talvez e não viver a espera das certezas.

Eu quero viver, mesmo que o talvez seja o meu companheiro em toda a minha existência.